sexta-feira, novembro 11, 2011

Em onze do onze



Morri no primeiro dia do ano onze
Era justamente o primeiro dia em que amei
Algo efêmero, que acabara de acontecer
Intensamente, tive febre e delirei


Suspirei... Subi as velas, naveguei
E, parti cantando “In-A-Gadda-Da-Vida honey...”
Foi-se, se partiu... Em onze do onze
Junto com a febre, o amor, cunhado numa estátua de bronze


Mas, ainda deliro, deliro muito e ao chegar esqueço o pavor
Desde então, decidi não mais amar, só sofrer, sentir dor
Ah, como eu queria ter-me tornado substância rija!
Ser desconfiado como Neruda tendo a firmeza dum pedaço de metal


Ainda não sei ao certo o que sou agora...
... Parte do mar ou um pensamento de George Bernard Shaw?
E, pelo vento que sopra de Minas fui amolado
Amolado por tanto tempo que percebo, deste lado


Direito, estou deixando de existir novamente
Ficarão apenas as coisas que cortei?
Um livro de Drummond na estante?
Aquele mesmo livro que, por egoísmo, não doei?


E, essas coisas...
... Cortarão outras coisas até se desgastarem também
Desgastado estou...
Ah, vou descansar, sim eu vou!



*Homenagem ao “Iron Butterfly”
E sua clássica canção “In-A-Gadda-Da-Vida” (1968)

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