quinta-feira, outubro 17, 2013

A distância entre nossos olhos



“Os homens compram tudo pronto nas lojas...
Mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos.”
(Antoine de Saint-Exupéry)


A vida é muito maior do que você e eu
Eu não sou você, não somos um do outro?
Os extremos que eu percorri são menores do que a distância entre nossos olhos
Sozinho, comigo mesmo, eu falei demais...

Puxei aquele assunto proibido, esse sou eu no canto
Aquele sou eu no centro das atenções, minhas atenções, redescobertas
Perdendo minha fé e encontrando-a em seguida; canto um Salmo
E tento me igualar a você, a mim mesmo, como uma fábula.

Não sei se consigo fazer as mesmas perguntas, num monólogo
Já me questionei demais, busquei respostas que não queria encontrar
Não me convenci o suficiente para me fazer rirnarrar um prólogo.


Antes, acho que pensei ter visto você tentando me explicar...
Por favor, desenha-me um carneiro¹, resgata minh’alma do celeiro
Perdoe minhas confissões, subamos nesse aeroplano e desse deserto iremos decolar.




1.”Por favor, desenha-me um carneiro”: Frase extraída do livro: O Pequeno Príncipe (1943)
*A Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry (29/06/1900 – 31/07/1944).

domingo, outubro 13, 2013

Kri Demmall passando



Quem se lembra de uma nuvem?
(Guy de Maupassant)


Lá vem ele; pela janela posso ver...
... Kri Demmall passando, através das cortinas, passando
Com seu jeito despojado, torto, vago, sem chapéu
Trazendo consigo um valor finito que desvaloriza sua possuidora

Um trago; por ele, deixei minha casa, abandonei a velha cidade
Sou réu revel, vou a deriva, de terra em terra, ora vermelhas...
... Amarelas, estou diante de outra estrada; da face escorre-me sal
Eu, que sou um homem de família, acusado fui por Kri Demmall

Passando; sobre minha cabeça, urubus girando; grilos e cigarras em uníssono
Cantando acusam-me, dizendo que aquele favor, outrora favor de amigo
Tornou-se uma desgraça, uma aflição terrena, um torpe vício

Você ainda me considera um amigo?
Desde que o sol escureceu e a lua silenciou-se, clamo a Deus em suplícios...
Vivendo em quartos pagos, de joelhos; num eterno e incessante castigo.






*A Henri René Albert Guy de Maupassant (05/08/1850 - 06/07/1893) e seu amigo Gustave Flaubert (12/12/1821 – 08/05/1880).