sexta-feira, março 01, 2013

Estação Maiakóvski




“Escritores há muitos. Juntem um milhar.
E ergamos em Nice um asilo para os críticos.
Vocês pensam que é mole viver a enxaguar
A nossa roupa branca nos artigos?”
(Vladimir Maiakóvski)




Os limpadores fizeram o trabalho, entre e sente-se, senhor
Obrigado, eles recebem para isso e é o que fazem de melhor?
Como você se sente, meu caro escritor?
Saiba que a inspeção do seu trabalho será semanal, acostume-se!


Eles estão se alinhando para revistar-lhe a bagagem
De mão, pobre do velho James, está branco como um fantasma
Ele não encontrou a resposta perdida nas entrelinhas que escreveu...
... Lamuriamos agora, prevaricaram sua arte, corromperam sua poesia


Não há nada que possamos fazer para resgatar sua obra?
O vagão “Oito” vai lotado da 30ª Edição destruída pelas traças
Estamos todos a bordo desse trem misterioso...
... Que vai para o reino dos escritores que ninguém leu


Fiquei apreensivo e preciso de algo para beber
Enquanto o trem, nem ao menos deixou a estação
Agora percebo o quanto fui tolo...
... Você reservou um assento ao seu lado


E eu fui me sentar na janela da imaginação
Me sentia aprisionado pela escrita, mas agora estou livre
Estou lá, pendurado na paisagem, consegue me ver?
Na hora da partida, entrego o bilhete e, ninguém irá me deter!


Quem fica, quem sai, quem senta, estamos a bordo, observando quem nele entra
No trem que vai para o reino dos escritores que ninguém leu
Outro apito, fiquei apreensivo e preciso de algo para beber


Você reservou um assento ao seu lado
E eu fui me sentar na janela da imaginação
Enquanto o trem, nem ao menos deixou a estação...









*A Vladimir Maiakóvski (1893 – 1930)