quarta-feira, dezembro 23, 2009

2012



I

Achados proféticos, confluências, enigmas
Calendário dos Maias
Senhores da astronomia antiga
Terminava nessa data, 2012, século XXI
Não havia o que contar, sugeria alguns
Nostradamus em eternas análises
Um cardápio variado de catástrofes
No centro da Via Láctea
Um planeta em mudança do eixo de rotação
Finalmente nosso fim, campo magnético em reversão.



II

Acreditas na profecia?
Todas as outras falharam um dia
Na viagem fascinante da alma
Buscamos significados
Às coisas fortuitas
Enxergamos o acaso
Determinamos seu sentido
O aleatório prepondera
Por bilhões de anos, pelas eras
Quero a potência e a determinação das coisas
Ah meu Deus, quem me dera!
Não me preocupo com belezas multifacetadas
Nem com a inexorabilidade do tempo, das datas
Sei que são nelas que reside a complexidade da vida
Mas, meu cérebro quer a ordem
Decifrar enigmas celestiais e proféticos
Uma explicação além da naturalidade
Criações mentais que atendam minha necessidade.



III

O significado da vida
A inevitabilidade da morte
Afinal, por que estou aqui?
Será alguma razão especial?
Ou vim de forma aleatória
Dentro de uma existência banal?
Acredito em João, foi ele quem me avisou
No último livro, teve sonhos, me alertou
O que varre a Terra é uma sucessão de desastres
Chega o Anticristo por 1000 anos acorrentado
Mas, se liberta, torna-se vangloriado
Somente no Armagedom, será derrotado.



IV

A ordem moral que nos rege
Prevalecerá no final?
Nessa batalha cósmica
Entre o Bem e o Mal
Aproveitada por profetas
Traz-nos conforto, corrige as setas
Muitas informações conflitantes
Causam profundo desconsolo em minhas crenças
Essa dissonância cognitiva
Propaga-se como doença
Alegorias do presente, religião e ciência
Difundem neuroses e aflições aos crentes e descrentes
Nero, Hitler, Mr. Crowley são alguns generais
Incólumes no poder tiveram seus finais
Deste modo, o mundo acaba para todos
No derradeiro alinhamento planetário
Preparar-me-ei para um novo Fim do Mundo
Me apoio nas fórmulas ordenadas
Traduzem a exata manifestação da natureza caótica
Tão caóticas e irregulares fatalidades
Que transformam em otárias
Todas as previsões da humanidade.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Os preparativos só trouxeram-me aflições




I

Depois que tirei os óculos
Passei a enxergar melhor o seu mundo
A miopia redimiu meu presente, abandonei-a.


II

Como o sol extravia as trevas
Senti medo e renunciei minha máscara
Então, em desencanto, faleci às vésperas.


III

De todas as preocupações que tive
Montar sua fantasia foi a maior pretensão
Cosi tuas vestes em linhas de desilusão.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Mr. Klove prepare o jantar aos visitantes







Meu Amo está morto
Mas, deixou-me instruções
Para que a casa
Estivesse sempre pronta
À chegada de hóspedes


Muito prazer,
Quem lhes serve o jantar
Chama-se Klove
E eu sou um cumpridor
Dos desejos de meu senhor


Seu nome era Conde Drácula
De linhagem antiga e distinta
Não deixou filhos, nem discípulos
O jantar será servido aos cavalheiros
Olhem, seu brasão está fixado sobre a lareira


Bom apetite, com licença...


Vamos tirar proveito da hospitalidade
Um brinde ao Conde Drácula
Que descanse em paz!
Naquele instante
Um vento frio preencheu toda sala...


As cortinas balançaram
E nossos ossos rangeram
Venha logo, querida, estou com frio
Durmamos agora, traga os lençóis
Pois, já não haverá amanhã para nós.



*Baseado em: "Drácula, o Príncipe das Trevas" 
com Christopher Lee, Direção: Terence Fisher


*Produção: Hammer Films, Inglaterra (1966).
Fonte: Youtube

terça-feira, dezembro 15, 2009

Essa noite lhe mostrarei a origem dos meus poemas





Desça a minha morada e
Conhecerás minha essência
Meus poemas decifrarás
Porém, não roube-os
Guarde-os em sapiência


Veja-os com os olhos vivos
Assim passei a entendê-los
Aedos, aprendi a ouvir e lê-los
Alimente-se deles
Interprete seus exageros


E, na obscuridade da quase afasia
Sorva num trago esse veneno
Entre versos, valsamos plenos
Claras e amargas letras bendizemos
Crescendo em substância, dia-a-dia
Compartilhando erros e acenos.


*A Núbia Poison.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Sobre a Desintegração da Morte






“Não há dor maior do que estar vivo.” 
(Ruben Dário)


Em 1948, Orígenes Lessa criou uma obra literária de cunho futurista e apocalíptico: A Desintegração da Morte.
Nesse livro, o autor propõe que, as bases das sociedades contemporâneas estão construídas sobre os alicerces da morte.

O que seria da vida se a morte não existisse?
Essa foi, durante 35 anos, a maior indagação do professor Klepstein, personagem principal da ficção.
O cientista trabalhara assiduamente na tentativa de desintegração da morte, e agora, contemplava o impossível em seu laboratório.
Naquele momento, seu maior desejo era sair e gritar pelas ruas o seu enorme feito para a humanidade.
Tornara-se um ‘quase deus’.
Os homens veriam nele um novo Messias que distribuiria a vida eterna a todos.

Mas, subitamente seu laboratório fora invadido e atacado por mascarados que o metralharam em vão.
Logo seu sangue coagulara e ele continuava a falar e pedir-lhes que parassem com o ataque.
- Eu acabei com as ações da morte e vocês querem me exterminar?
- Não há nada mais burro do que um sábio! Exclamou resignado o chefe da operação.

As máscaras, então, começaram a cair.
Toda organização social se centraliza no fato de que, um dia deixaremos de existir.
Os casamentos começaram a declinar.
Havia milhares de pedidos de divórcios. O casamento também não subsiste sem a morte.

Há um trecho no livro, que o juiz Bermejo a Punta y Arenas, afirma descrente:
- Eu tinha a certeza que o matrimônio se baseava exclusivamente no amor.
O que mantinha a ‘instituição família’ não eram os filhos, a covardia, o amor ou o conformismo, mas somente o medo de morrer solitário e moribundo, esquecido num quarto qualquer.

O preconceito, as convenções, a educação e os princípios religiosos, sobretudo o temor ao inferno contribuía para as uniões estáveis dos casais que se refugiavam na esperança de um dia morrerem aos cuidados de outrem e ficarem todos bem e resignados diante da fatalidade da vida, sucessivamente, de geração em geração, para todo o sempre.

Outro tema abordado no livro de Lessa é sobre o lucrativo mercado da indústria da morte.
Cemitérios, serviços funerários e principalmente laboratórios fabricantes de remédios e vacinas que não tinham mais o que oferecer a população.

A fome se fazia presente e os alimentos se tornariam, em breve, mais escassos.
A vida se reajustaria a eternidade, mas as drogas seriam consumidas em escalas nunca vistas antes.
Milhares de desempregados começavam a se formar por todo o mundo.
A indústria de armamentos era a única, juntamente com a indústria de bebidas, que aumentava lucros produzindo incessantemente armas de guerra entre as nações ainda hegemônicas.

Na Itália faminta, surgiu do povo, um profeta que prometia a morte às multidões que evitavam, agora, as agruras da terra e seus eternos habitantes. Seu nome era Lucatelli.
O Vaticano se torturava por não haver pensado antes nesse discurso de promessa de morte a todos os que acreditassem na nova doutrina religiosa.
- Não seremos condenados a eternidade!
Esse era o discurso por toda a Europa caótica.
- Marcharemos para a morte! A morte vem!
E puseram-se todos a marcharem rumo ao Vesúvio, sul da Itália, nos arredores de Nápoles.

A notícia correu o mundo e no Japão o monte Fugiyama passou a ser a morada final dos eternos.
Onde quer que houvesse um vulcão ativo, haviam homens e mulheres dirigindo-se a eles.
Nas entranhas da Terra, o sofrimento e a vida continuavam.
Meses depois, monstros queimados e mutilados deformados surgiam aos bandos do centro da Terra.
Nem Dante, acreditaria nesse inferno.

As indústrias de bebidas traziam alento aos seres que ficavam e o emprego nesse setor, logo aumentou.
Prosperava por toda parte do globo e quantidades inimagináveis de álcool eram consumidos por todos.
O dinheiro ia na forma de bons salários e o lucro vinha certo.
Eram as indústrias que melhor pagavam e tinham retorno rápido nos investimentos.

Com isso aumentava-se os distúrbios sociais, a violência e a criminalidade.
Ninguém mais temia o inferno.
O roubo estava generalizado e a policia inerte.
Não havia formas de combate e a prevenção ostensiva não surtia efeito moral.
Campos de trabalho forçado pareceram a solução para inibir extrema anarquia.

Homens e mulheres separados em colônias distintas por gênero povoavam esses locais hostis.
E muito sofrimento físico para quem tentasse fugir ou rebelar-se.
Era caos atrás de caos à medida que o tempo passava.

Os esportes perderam suas regras e o respeito ao adversário não mais existia.
Aboliu-se o Fair-play nos campos e quadras esportivas do mundo todo.
Torneios esportivos tornavam facilmente, batalhas campais.

As religiões se organizavam em busca da morte.
Santos eram derrubados dos altares.
Em seus lugares novas entidades se erguiam.
Tiranos de outrora tomados por mártires da morte, antigos carrascos agora benfeitores da humanidade.
Hitler, Jack ‘o estripador’, Mengele, Goering e Lampião ocupavam altares antes pertencentes a Jorge, Sebastião, Maria e outras divindades extintas.

Os governos não governavam dentro dos preceitos éticos e o dinheiro perdia seu valor de compra rapidamente.
Não havia ambição. Só imoralidade.
A vida era um cárcere.

Cientistas do Leste Europeu trabalhavam dia e noite numa fórmula de reintegração da morte.
Um clarão de esperança reanimou as sociedades.
A morte se aproximava novamente?
Voluntários aos milhares se apresentavam para testes na União Soviética.
Havia rumores de mortes experimentais no Cáucaso.

Foi quando a humanidade se alarmou, pois recomeçara a batalha pelo monopólio da morte.
E surgiram também as divindades abstratas, o culto as formas vagas, A Fome, A Peste e A Guerra tornaram-se a Neo-Trindade.
Para novos deuses, novas preces, novos templos lotados e procissões intermináveis.
Todos a procura do milagre da morte.



*A Desintegração da Morte: 
de Orígenes Lessa, São Paulo: ed. Moderna 1983.

* Orígenes Lessa, nasceu em 1903.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1981, onde ocupou a cadeira número 10 até 1986.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Entrevista com Iggy Pop



Hum...
Vou me esquecer de muitas coisas
Mas, vale o que me veio antes
... Prosperidade?
Tive prosperidade, mas não acho necessária usufruí-la

Se sou músico?
Rsrs, claro que sim... (sol-la-si-dó)
Sou operador de liquidificadores, também toco aspirador de pó
E no final, sempre derrubo um amplificador
O público? Eu não sei... êxtase e fúria, sou eu o espectador

Melhor é unir conexões
Numa espécie de redundância eterna
Aprendi muito com alguns caras... Johnny Cash
Muddy Walters e John Lee Hooker são meus ins-piradores
Em Detroit nos 60’s, ouvia blues e muito som de motores

Prá terminar, fique sabendo
Só tropeço em coisas grandes
E sempre haverá alguém, algum garoto
Num quarto, num estúdio, numa garagem
Fazendo coisas que ainda não ouvi

Entrará na engrenagem, venderá milhões à juventude?
Talvez, com um pouco de sorte e muita atitude!
Ganhará platina num auditório, alcançará o 
mainstream

A indústria procura todos os dias...
Um novo Elvis, um outro James Dean.






*Essa entrevista foi concedida a repórter Núbia Poison numa noite de devaneios e muito blues
*Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

sábado, dezembro 05, 2009

O espelho de Quintana



O louco dos loucos, sonhador dos sonhadores
O tolo dos tolos que ama a poesia dos outros
Alter-ego que envelhece sem apodrecimento da alma
Passa a vida sabendo
Que
Um dia, a velhice chega
Chega, num susto sereno, chega
E continua pensando
Que viverá muito
Morando em hotéis
Para ter a sensação
Da solidão coletiva
E adorar ainda mais o tempo da vida
Como o enfermo que
Em vez de combater a doença
“Busca torná-la ainda mais comprida”.







*Com a ajuda de Mario Quintana 
e seu Espelho Mágico (1951).




quinta-feira, dezembro 03, 2009

R.I.P. Leila



I

Abdique seus pecados
Renuncie às tentações
Você sente que é uma fuga
De certo modo é, de certo modo não


II

Mas, não se iluda
A encenação acabou
Do outro lado
A dor pode ser maior


III

A solidão infinita
Relatada nas cartas
Foi o último ato, a redenção
Não posso aplaudi-la
Faço-te uma oração.





*Leila Lopes 
(19/11/1959 — 03/12/2009).

terça-feira, dezembro 01, 2009

Em breve, terei um pai




I

Termino de montar meu pai
Braços mecânicos, olho de vidro, um alguém
Estou construindo meu pai Frankenstein.


II

Sinto-me triste, mas é breve
Mais triste do que eu, ele vem
Eu o tenho, ele ninguém.



*Baseado no filme: O cheiro do ralo
Direção: Heitor Dhalia (2007).

domingo, novembro 29, 2009

The Sisters of Mercy: a última grande banda gótica






The Sisters of Mercy é uma banda britânica de rock gótico, formada em Leeds, em 1980 por Andrew Eldritch, que inicialmente tocava bateria e Gary Marx na guitarra. Esse nome peculiar, estranho e arcano tem sido ligado à literatura de terror de H.P. Lovecraft.

Na verdade, a origem do nome da banda é discutível, mas especula-se vir de uma música de Leonard Cohen ou de uma ordem religiosa de freiras católicas.

A Eldritch e Marx juntaram-se Ben Gunn, logo substituído por Wayne Hussey em 1983 e Craig Adams que assumiu o contrabaixo. The Sisters of Mercy inovou ao usar uma máquina para executar a percussão, batizada de Doktor Avalanche.

Essa bateria eletrônica ajudou a criar o som característico da banda: um rock de tempo bem marcado com um ritmo sintético afiado.
Diziam os críticos da época que Doktor Avalanche era o único membro da banda disposto a tolerar o “temperamento artístico e excêntrico de Eldritch", que se tornou o líder centralizador e vocalista do grupo.

Apesar de ter lançado apenas três LPs, The Sisters of Mercy tornou-se uma das mais influentes bandas da década de 80. A banda enfrentou todo tipo de instabilidade emocional e profissional entre seus integrantes: apenas o cantor e compositor Eldritch participou dos três LP.
A música do The Sisters of Mercy reunia elementos de psicodelia, dance e punk.

Logo após seu disco de estréia: “First and last and always”, em 1985 a primeira formação da banda foi desfeita.
Wayne Hussey e Craig Adams partiram e formaram o efêmero grupo Sisterhood para rivalizar com o Sisters.
Mas, num golpe de mestre, rapidamente, Eldritch gravou um single com o mesmo nome, forçando-os a abandonar o projeto inicial e, desta forma, surgia o impávido e bem sucedido: The Mission.

O cantor Eldritch tinha como estilo uma voz profunda e cavernosa e suas letras eram verdadeiras descargas elétricas, mas não tratavam de temas comuns ao rock gótico.
Aparecia sempre com um inseparável casaco negro roubado de Patrícia Morrison, integrante do grupo e parceira do vocalista, que certa vez afirmou: “preferia furar meus olhos com agulhas a ter que encontrá-lo novamente”.

A imprensa britânica começou a identificá-los como uma banda tipicamente ‘gótica’, o que em meados dos 80’s valia como um enorme insulto artístico.
Isso gerou, por parte de Eldritch um desprezo pela mídia inglesa e pelos fãs estranhos que o som da banda começava a atrair.

Em 1987, chegava as lojas o álbum: Floodland, um sucesso imediato.
As comparações com o extinto Joy Division eram cada vez mais frequentes, devido à atmosfera claustrofóbica que ambas faziam questão de ressaltar nos seus respectivos trabalhos.

Logo o The Sisters of Mercy desenvolveria um exotismo da decadência aos deuses do rock.
Influência notória do depressivo norte da Inglaterra e suas paisagens desoladoras e glaciais, aliada a ameaça de um mundo pós-industrial desmoronando gradativamente num romantismo perverso e sensual, eram retratados em faixas que atraiam um número cada vez maior de jovens pálidos frequentadores de cemitérios.

O vocalista, sempre autoconfiante, diferente da figura 'vulnerável' de Ian Curtis, mantinha-se distante e imune as canções e temas tóxicos que propagavam a autodestruição.
Apenas saboreava, ácida e sarcasticamente a degeneração humana sem mergulhar em suas profundezas como fez o suicida Curtis.

O som do The Sisters of Mercy foi se tornando cada vez mais sintético, urbano e hipnótico, realçados pela voz barítona de Eldritch, que mais parecia ter saído de uma cova, se é que uma entidade tão amorfa possa realmente existir e se comunicar como os vivos.

Apesar de rejeitar a classificação de gótica, The Sisters of Mercy foi uma liderança no gênero, tendo alcançado amplo sucesso na Inglaterra e nos EUA.

Dificuldades de relacionamento com Andrew Eldritch foram frequentemente citadas como a principal causa de rupturas por parte de membros do The Sisters of Mercy.

Em 1985, Gary Marx sai da banda e forma o Ghost Dance.

Hoje, além de Eldritch, apenas Chris May e Ben Christodoulou atuam na banda, além de Doktor Avalanche, é claro.
O ocultismo e o macabro não fazem parte das letras do compositor, não se
falam de aranhas que passeiam pelo corpo, nem fantasmas ou zumbis saindo de caixões, suas letras transitam entre temas políticos, psicológicos e cultura moderna, mas há clichês inegáveis que transformaram o The Sisters of Mercy no maior expoente gótico da história do rock, e ainda hoje carregam o rótulo de: “a última grande banda gótica”.

Álbuns de estúdio:

First and Last and Always, (1985)

Floodland, (1987)

Vision Thing, (1990)


*Fonte: Baddeley, Gavin Gothchic Editora Rocco: 2005.

Lucretia My Reflection  (By Andrew Eldritch)

I hear the roar of a big machine
Two worlds and in between
Hot metal and methedrine
I hear empire down
I hear empire down
I hear the roar of a big machine
Two worlds and in between
Love lost, fire at will
Dum-dum bullets and shoot to kill, I hear
Dive, bombers, and

Empire down
Empire down
I hear the sons of the city and dispossessed
Get down, get undressed
Get pretty but you and me,
We got the kingdom, we got the key
We got the empire, now as then,
We don't doubt, we don't take direction,
Lucretia, my reflection, dance the ghost with me
We look hard
We look through
We look hard to see for real
Such things I hear, they don't make sense
I don't see much evidence
I don't feel
I don't feel
I don't Feel
A long train held up by page on page
A hard reign held up by rage
Once a railroad
Now it's done...

I hear the roar of a big machine
Two worlds and in between
Hot metal and methedrine
I hear empire down...
We got the empire, now as then,
We don't doubt, we don't take reflection,
Lucretia, my direction, dance the ghost with me...


Fonte: Youtube