domingo, maio 30, 2010

Aperte ejetar e dê-me a fita







Peter Murphy, ouça-me...

Aperte: 'Ejetar' 
E, dê-me a fita!

sexta-feira, maio 28, 2010

Christopher Lee volta ao passado


Chris Lee volta ao passado
Com seu negro manto e sua capa
Não há mais morcegos na torre
E ele, permanece intacto, ainda hoje.




Convenientemente vestido ao despertar mortal que encerra o ato
Regozija-se pelo resultado de anos de trabalho árduo
Ainda vive, nos arredores dos Estúdios Hammer, sua melhor personagem
Suas lembranças jazem envoltas em veludos ocres, completando a fúnebre paisagem.




Espalhadas pelo quarto circular, enquanto outras o aguardam na entrada...
Suas noivas; nesse quarto escuro como uma tumba!
De pequena vista pr’o céu; única forma de enxergarem a noite!
Deveras! Ainda vivem essa espera, as noivas de Drácula
E não há uma única capaz de arrancar-lhe todas as máscaras que tiveras?








*A Christopher Frank Carandini Lee: (27 de maio de 1922).
Ator nascido na Inglaterra e, por meio de suas interpretações no cinema, ajudou a popularizar a figura do Conde Drácula, personagem que encarnou por diversas vezes pelos estúdios da britânica HAMMER FILMS.






Fonte: Youtube

Nota: Em 07 de junho de 2015, Christopher Lee deixou sua forma carnal.

terça-feira, maio 25, 2010

R.I.P. Paul Dedrick Gray


"The whole thing
I think it's sick."


Então... Eu saio de cena
A dor chegou p'rá valer
Caos controlado?
... Pode ser

O inimigo se mostrou para mim
Sem máscaras e documentos
Antes de me dar conta, levou-me
E também as cacofonias e todos os instrumentos


Atitude e destreza foram minhas armas
Não ouse sentir pena de mim, agora
Lá fora éramos nove, todos muito turbulentos
Despedaçamos com nossas claves
Os roedores de ossos e os cobradores de impostos


Dos vermes, me tornei alimento
Meu coração esteve sob ataque
Caíram os muros, vieram sobre mim desmoronando
Não aprendi quase nada sobre as maldades do mundo
Sem muita surpresa, estou apenas começando...








*A Paul Dedrick Gray 
(08/04/1972 - 24/05/2010).
Baixista da banda Slipknot.



sábado, maio 22, 2010

Faça do meu crânio sua taça






I
Oh Senhor!
Inclina-me seus ouvidos
Mostra-me sua face
Não quero crenças
Abomino as superstições
A minha busca é somente pelo conhecimento
Não recues de mim nesse momento



II

Mesmo eu estando assim
Pude ouvir o som
Parecia-me uma pá
Fincando no solo sagrado dos mortos
Jazigo fúnebre violado ternamente
Depois, os pedaços de madeira se quebraram
E a tampa foi levantada...



III

Mexeram em meus ossos
Ergueram o meu crânio
Novamente, pude sentir o calor dos raios solares
E, agora que meu cérebro foi carcomido pelos vermes
Encha-o de vinho, brinda-me e beba-o
Enquanto há tempo de fazê-lo; quem se engana?
Não por mim, mas pela existência da raça humana!



A Lord Byron
(1788 - 1824).

sexta-feira, maio 21, 2010

Vou para a Terra de Van Diemen




Abrace-me, estamos perto do cais
Um longo abraço de despedida nessas ruas escuras
Efemeramente infinito e tão intenso
Como a brasa que dissipa o incenso


Momentaneamente me concentro
Na picada da agulha gasta
Faz-me soletrar: G-L-O-R-I-A
Num ritual que perfura-me a carapaça


Quando a maré subir e a febre baixar
Irei embora, e o templo visitarei
Lá precisam-se de muitas mãos para a reconstrução
Para a Terra de Van Diemen, rumarei


Aqui, todos os dias, comprimidos amargos, eu engulo
Acertei as contas com o Senhorio
Deixe-me ir, encontrar o que procuro
Abandonei o peso da pistola e sinto-me seguro


Você acompanhou todos os meus estágios
Conheceu-me muito jovem
Era astuto, aspirante, sonhador e metido em confusões
Sabes o que lhe digo, pois reconhece todas as minhas hesitações


Os que vieram de lá, disseram-me que há oportunidades
Há lucro, há amor e não se vê indiferença nem vaidade
Face a face com a justiça, encontrar-me-ei
E com a ajuda do magistrado, da dor, libertar-me-ei


Não titubearei, ouça, portanto meu desejo:
Antes da partida, abrace-me
Até essa hora acabar e com seu toque me elevar
E, nas terras altas de Van Diemen meu veredicto encontrar.


*Baseado na canção: 
Van Diemen’s Land do U2 
(Rattle and Hum, 1988).

quinta-feira, maio 20, 2010

A paranóia de Roberto Piva


Talvez fosse 1963
E eu, ao acordar, esqueci qual era essa cidade
Qual o nome de suas madrugadas?
De onde vinham tantas precariedades?
Via anjos, chamava-os, mas eram surdos
E, dos seus ouvidos, escorriam lágrimas
Absurdo?
Crianças de tranças vendendo chicletes
Isso sim é contrário à razão
E, porque não
Verei borboletas depois da descarga
Ou um cemitério em festa
A queima de orfanatos
Enfeitados de fotografias coloridas
Fragmentos dessa hemorróida gótica
Enfiarei minha cabeça no aquário fundo
E celebrarei em meio às criaturas exóticas
Cérebros e telhados desse urbano submundo.




*A Roberto Piva: (25/09/1937), é um poeta brasileiro acometido pelo Mal de Parkinson.
Sua obra possui influência da Geração Beat americana e é um dos precursores brasileiros da poesia experimental e onírica.

quarta-feira, maio 19, 2010

Só os gafanhotos são sutis






Repito o que disse há pouco:
Estou rouco e não posso abandoná-la agora
Você é a única...
... A única que aponta os meus lápis


E é tão frágil, se parece com um gafanhoto
Não sou um gafanhoto, Jorge
Sou uma cloaca, a cloaca do seu mundo
De você, quero apenas os poemas
Eu sou os meus poemas, Darlene!


E tomaram vinho por duas horas...


Aquela foi, sem dúvida, uma noite dura
Posso ver o sofrimento em teu rosto
Como perdura...
E, agora quem sofre sou eu
Atravesso cambaleante a luz do mesmo poste


Vacilante, penetro o beco escuro, ao norte
Que sorte, todas as noites ele está em meu caminho
Sozinho, percorro-o levando a sacola
Lá, no final, está o cão a quem devo alimentar
Devagar ele vem... Posso ouvir seu rosnar


... O olfato lhe aguça, prenuncia minha chegada
Porque me diz essas coisas, Jorge?
Porque não consigo me suportar!
Preciso de uma cerveja, outra... Vinho me dá sede
... Mas, é a dor que sempre vem antes


Intervalo de dez minutos, e ambos em silêncio


Só havia respiração e o barulho
O barulho dos goles preenchendo o momento
Percebendo a inércia dos ponteiros, Jorge coça os olhos
É uma coçada brusca que gera mais vontade de coçar
Irrita-os em esfregadelas e distrai-se, se anima e acrescenta:


Nunca terei a saudação dos verdadeiros historiadores!
Pensando nisso, não me contive... Olhei
Olhei para o estacionamento, meu carro ainda estava lá
Olhei para cima e me engasguei, me pus a ofegar, tossi um pouquinho
Olhei para o lado e as mulheres que me assistiam deram-me um sorrisinho...


E continuaram a beber e falar, todas simultaneamente.






*Baseado em:
‘Menos delicados que os gafanhotos’
de Charles Bukowski
(16/08/1920 - 09/03/1994).

terça-feira, maio 18, 2010

Poema da alma


I

Oh, minh' alma
Onde esteve essa noite?
Deixaste-me sem nada


II

Só com os mistérios dos sinais
Esperei que voltaste...
Mas, agora, é tarde demais


*A Clarice Lispector
(10/12/1920 - 09/12/1977).

Poema do corpo



I

Ah, um corpo!
Dê-me...
 O corpo!


II

Que será
Dele?
Meu corpo.



*A Carlos Drummond de Andrade
(31/10/1902 - 17/08/1987).

E agora J.C.?









E agora J.C.?
A festa começou
E ela será infinita
Seu carro na madrugada
A noite toda precipita


Para todo o sempre
Roda, roda, roda...
Com a moça fantasma, roda
Branca e fria, roda até as 6h30
Só ao crepúsculo matutino, encerra


E seu motor quente esfriará
Durante o dia, arrefecerá
Para as 18h30 recomeçar
Se aquecer, inebriar...
Todo o combustível esbanjar


E agora J.C., velará o inocente?
Éramos carne quente, hoje, complacentes, somos pó
Pó de quem morreu antes, histrião demente
Neste falso dia, estamos sós completamente
Você está na reserva, nauseante, inconsciente


O carcereiro foi para a prisão
Para que servem os filhos?
Suplício, martírio, desilusão?
Hodierno, não sabe o que fazer?
Também não vou te iludir
Mudo, ajoelhe-se no púlpito, peça perdão e vá dormir.

segunda-feira, maio 17, 2010

Mais um na sua estante


Ah não!
Está acontecendo de novo
Apaixonei-me por uma garota de cabelos ondulados
Ela só procura novidades e ama o mundo
E, eu sei que isso é coisa passageira
Porém, sempre me iludo com essas besteiras


Ela acaba de aparecer com os cabelos vermelhos
Eu e Nosfa ficamos boquiabertos
Ele me olha e indaga:
Sente-se bem Lou?
Acho que sim
Mas meu coração avançou para a garganta


Vejo-a sentando à beira do rio
Abrindo um livro, se deitando na grama
Essa cena me traz um arrepio
Gostaria de ser aquele livro
Estar em suas mãos...
... Paciência


Passaria horas com ela me tateando
Me descobrindo, absorvendo minha essência
E, pelas páginas, lentamente desdobrando-me
Mas, depois de lido, da sua vida ser banido
Vou para a estante para em instantes, preterido
Fazer parte do seu acervo de exemplares esquecidos.










*A Meg White
(10/12/1974).

domingo, maio 16, 2010

Lamentações de um jovem troiano



Não é justo!
Tinha que acontecer
Acontecer logo comigo!
Por quê?


Diante dessa dimensão
Tão, tão... Incomensurável
Entre o espaço, o tempo e as eras
Fui nascer bem na Idade das Trevas


Aqui, só se fala de destruição e doutrinas
Guerras e atentados
O Estado e seus tentáculos
Luxúria, soberba e dominação
Porque eu não nasci daqui a dez séculos?


Será que até lá
Extinguir-se-á o espírito de rebelião?
Não haverá barbárie...
Nem aviltados ignóbeis?
Erradicar-se-á a pobreza e a escravidão?








*A Idade das Trevas Grega se estendeu por um período entre 1200 a.C. a 800 a.C.
Entre o final da civilização Micênica e a invasão dos Dórios houve a ascensão das Cidades Estado e o surgimento da Literatura Épica de Homero.

sábado, maio 15, 2010

Depois da tempestade, fui atingido por um arco-íris




"A história é um enorme, largo e volumoso rio de sangue
Que, através da eras, vai seguindo seu curso.
E, em suas extensas e férteis margens...

Vivem os homens e suas famílias com seus cães e suas casas.
Empilhando, se apossando e vivendo cotidianas mazelas vivem os bárbaros.
Amando donzelas, se embebedando, fazendo e pagando contas e jogando cartas."




*A Hagar, o Horrível.
(de Dik e Chris Browne).

sexta-feira, maio 14, 2010

Não se ensinam coisas novas a um macaco velho




Nasci para dominar!
O meu objetivo é a conquista.
Desista Spectreman! Desista!

Não se ensinam coisas novas...
A um velho macaco alienígena!

O mal que causei será sempre lembrado?
E, de que me serviria fazer o bem?
A morte é a única solução!
Desista Spectreman!


*Trecho extraído do episódio: 
A morte do Dr Gori (Spectreman).


*Fonte: Youtube

quinta-feira, maio 13, 2010

Sobre ela, tudo se sabe


Quando ela se for
Quem será capaz de chorar?
Em seu mundo de Oz
Fez-se Dorothy e encontrou o furacão
Mas, também era a Bruxa Má do Oeste!


Quem, seu caminho cruzar
Será amaldiçoado com a peste
Gritos e urros são os seus vocais
E sua obra é recheada de fragmentos
Dos quais: Jeff Buckey, Billy Corgan e Evan Dando...


Sigo acompanhando
Um filme de mistério
Uma vida de excessos
Essa telenovela em horário nobre
Quanto ao cinco de abril
Tudo se sabe e nada se descobre.


*A Courtney Love (09/07/1964).

quarta-feira, maio 12, 2010

A descida dos abutres




I

Os abutres se ajuntarão
E, com os vermes, cearão o corpo
Desprezado do povo, sozinho festeja
O opróbrio e a desonra servidos numa bandeja.


II

Que assim seja
Tomado o corpo sem sorte
Seca-se como jarra de barro
E desintegra-se como poeira numa ventania de morte.


O espião




Eu sei mais sobre você
Do que você mesmo
Eu conheço seus sonhos
E o que você deseja ouvir

Conheço teus caminhos
E o que te causa medo e pavor
Trago-te confiança
E a roubo de ti

Eu sou o espião e tenho as chaves
Habito em seu coração e
Sei tudo o que se passa nele
Sou eu quem o arruma e coloca as coisas no lugar

Posso ver pelos seus olhos
E descobrir tudo o que planejou
Eu sei mais sobre você
Do que você mesmo.






*Baseado em: The Spy
(Morrison Hotel, 1970),
 canção do The Doors.

terça-feira, maio 11, 2010

Diante do Templo do Amor







Eis o Templo do Amor
A ele, chegamos caminhando
Percebendo tudo ao redor


Sem tirarmos, um do outro, o olhar
E, diante dele, descobrimos que
Nosso único temor
Era o medo de amar.


*A The Sisters of Mercy.



Fonte: Youtube

A mosca humana


Fonte: Youtube

Eu sou uma mosca
Uma mosca humana
E não sei o porquê disto


Estou a passeio
Em busca de lixo
E não sei o porquê disto


Afasto-me do pesticida
Há noventa e seis lágrimas em meus olhos
E nenhuma tendência suicida


Não me importo, baby
Não me assusto com seu farol
E não sei o porquê disto.





*Homenagem a banda mais tosca da história da humanidade:
 The Cramps.

segunda-feira, maio 10, 2010

Último adeus




Os edifícios estão desmoronando

Você se afogando... Whole Lotta Love

Só resta-me a saudade

A dor da perda, um mundo à parte

E, a incompetência absoluta me confrontando

Sem o último adeus, sofrendo para se fazer arte

Percebo, no encarte

'Hallelujah' trazendo-me vida eterna

Esbanjando autoconfiança

Penso ser tua e não de Cohen

Nessa versão, quem é quem?

Deixou-nos num único álbum

Suntuoso legado fabuloso

De uma vida efêmera e de importância vital

Tragicamente magistral e glorioso

Isso confunde-me e é tão real.



*A Jeff Buckley: (17/11/1966 – 29/05/1997)
e sua obra-prima "Grace" (1994).