terça-feira, fevereiro 21, 2012

Rua Aurora, 69


Próximo à República, trabalho
Não discrimino, não tenho fobias nem preconceito, trabalho
O que me faz fazer isso?
Trabalho... Na Aurora, todas as noites, trabalho


Sinceramente, sou bonita sem maquiagem?
Sou divertida quando eu faço uma tirada?
Você me entende e me quer, então eu te quero
Antes de me conhecer, já buscava o que eu tinha para lhe oferecer


O lance evoluiu, você me trouxe o que eu buscava, em seu bolso
Da frente, nessa noite, outubro quente
Sem chuva, você será meu namorado por 45 minutos
Até o fim, eu serei sua, sem arrependimentos, só amor programado


Nós podemos transar até morrermos, lado a lado
Voltaremos à juventude, caminharemos abobados
Assim seremos jovens, rolando nesse gramado imaginário?


De novo, você me fez cair em um sonho adolescente
Prepotente, eu fico tão excitada que não conseguirei dormir, essa noite
Sendo-me tão excitante, fica um pouco mais caro, devo-lhe admitir, sorridente


Complacente, você me paga...
E voltará, em breve, novamente

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Mestre Edu tocava violão



   "Eu sei mais sobre você
                                                                   Do que você mesmo"
                                                                              (Lou James)



Mestre Edu tocava o violão
E tocava-o bem, mesmo sem saber tocá-lo
Tocava-o com a mão direita e
Surpreendendo a si mesmo e a nós, irmãos, foi longe demais.


Nas canções, com o seu desejo de tocar, de fazer rock
Rock sem guitarras, sem aranhas de Marte...
Sem inflar o seu ego, coisas insanas
À parte, nos tornamos a banda do Mestre.


Ele nunca cantou bem, como seu irmão
Mas, bagunçava os cabelos e deixava a barba rolar
Isso era-lhe peculiar, e o seu cachorro Ziggy, com sua força descomunal....


Conduzia sua mãe pelo pescoço, no frequente passeio matinal
A luz da cerveja refletia a mosca que vagava tentando pousar
Em seu prato feito, seu teclado torto, de porcelana...
Nos seus dedos delicados, em sua sala de estar, ficavam jogadas, as havaianas.

Ele nunca cantou bem, assim como seu irmão
Mas, bagunçava os cabelos e deixava a barba rolar
Isso era-lhe peculiar, e o seu cachorro Ziggy, com sua força descomunal....

Levava sua mãe... Num passeio matinal.



*Ao grande irmão:
Eduardo Medeiros
(19/07/1982)




quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Jardim dourado



Relembrei o caminho que me levava de volta
Para o meu lar, onde meus olhos se enchiam
E, no silêncio podia chorar solitário...
...Trazia-me força ao choro, era tão comovente


Mr. Mustard dê-me as sementes
Entregue-as para mim, serei o agricultor
Semeá-las-ei, para que se irrompam no solo preparado
Reconstrução da vida, conversas infinitas num jardim dourado


Acalme meu coração, quero ter sonhos, não devaneios
Tão bela e adorável, cante-me uma canção
Faça-me dormir, acabei de chegar
Para ouvir sua doce voz numa antiga cantiga de ninar





*Dedicado ao álbum “Abbey Road”(1969), The Beatles.

domingo, fevereiro 05, 2012

A hora da metamorfose



"Um inefável crepúsculo
Avisa-me e me absorve
Sinto e descubro que já é chegada...
A tão aguardada, hora da metamorfose"



*Fotografia e produção de vídeo:
Marcio Ribeiro de Medeiros
*Música: Allegro - Vivaldi (The Four Seasons) - The Royal Philharmonic.

sábado, fevereiro 04, 2012

Assim falava o caçador


A todo momento só pensei nas gerações que virão...
... Depois
E, a língua não é um corpo morto
A profanação do corpo da língua e sua desfiguração...


... Não pode ser vista como um atentado à vida
Nem a cultura social abomina as gírias nessas plagas
Será que estou apto a combater toda e qualquer forma de barbárie cultural?
Homem especialista, abandonado pelas ninfas na floresta do saber?


Diante da árvore da vida, optei pelo fruto da árvore do conhecimento
Elas são distintas e continuam em minha frente
Volto, então, para mim mesmo
E o que vejo?


... Byron, Nietzsche e Brecht
Ainda tenho sede, devo alimentar a essência, como...
Alguém que tenha pensado e criado no mesmo idioma que o meu
Em minha cabeça ressoa:


Onde estarão agora...
Drummond, Quintana, Pessoa?
Devo agir, preciso viver e respirar o novo século
Navegar e buscar as pegadas que me levarão à presa!


E, de tanto estudar, compreendi que as pegadas que segui
Eram dele, o filósofo máximo, eram de Nietzsche
O prazo se extinguiu diante dos meus olhos
Vem o tempo e seus ponteiros e calendários
Rumarei ainda hoje para bibliotecas desconhecidas
Partindo sem dizer adeus aos ordinários.

 
 
*Homenagem aos mestres que me ensinaram a ler e escrever.