sábado, setembro 25, 2010

Entrevista com Richard Ashcroft



Por: Núbia Poison


Olá, boa noite Mr. Ashcroft
Boa noite minha cara, podemos ser rápidos?
Claro, vamos lá, Sir:
A imprensa britânica passou a chamá-lo de “Mad Richard” há uma década...
Como você lida com as informações a respeito de sua vida e do seu trabalho?
Não lido e nem ligo, deixo acontecer




Como foi a parceria inusitada com Jagger e Richards?
Bem, a letra de “Bitter Sweet Symphony” é um relato sobre meu passado junky
Ela foi colocada sobre um sample de “The Last Time” dos Stones...
... E, o sucesso da canção nos 90’s despertou a cobiça do Allen Klein mais uma vez
Então, tivemos que dar co-autoria aos caras


Só que todos os royalties foram para o Klein, correto?
Exato, aquele cara é a personificação do mal capitalista
Todos que usaram seus serviços foram de alguma forma, usurpados
E ele comprou as canções dos Rolling Stones por uma bagatela!
Isso só comprova que a vida é realmente uma ‘sinfonia doce-amarga’
Nascemos e morremos escravos do dinheiro


Você ainda acredita nas pessoas?
Muito pouco
Tenho dois bons amigos: Liam e Noel Gallagher
Foram eles quem me tiraram...
... Me desviaram da estrada onde todas as veias se encontram
Devo minha recuperação pessoal e artística a esses beberrões




Como você se descreve para os fãs e para os críticos?
Sou um milhão de pessoas diferentes
E sei que posso mudar quando quiser, sempre posso
Sempre posso tentar algo novo e recomeçar...
Só não mudo minha moldura, Mrs. Poison
Depois que purifiquei minha mente, sinto-me livre para trilhar caminhos que ainda não percorri




O The Verve vai voltar?
Ah, sobre o Verve...
... Posso dizer-lhe que estamos hibernados!
Mas, o caminho aéreo está livre
Não há ninguém cantando, tocando, compondo e nem gravando material agora


Muito obrigado pelas palavras Mr. Ashcroft
Foi sensacional tê-lo presente!
Obrigado, minha jovem, sabia que eu adoro as brasileiras
Elas são... São muito generosas!




*Entrevista concedida a Núbia Poison no Pub Camel em Londres em dezembro de 2008.

*Richard Ashcroft, nascido na Inglaterra, foi vocalista e compositor da banda britpop The Verve.

*Núbia Poison, integrante virtual e roadie dos Retinas Queimadas é jornalista das publicações Retinas News.

*Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.


terça-feira, setembro 21, 2010

A experiência Axis




Caminhei profundamente até ao candelabro
Acendi uma vela para Jimi Hendrix
E pus: “Are you experienced” para tocar


Faça a vida do seu jeito, piche nos muros quem é Clapton
Use seus poderes sobrenaturais para desbancar “o deus”
De Londres, dândi mal-acabado, dê-nos a viagem
O poder de excitar-nos sem libertinagem


Troque os papéis, seja vulnerável e acessível, mas imbatível
Desespero frenético, essencial para um blues
Qual é mesmo a pergunta?
Só queria ser ouvido... Qual ideal lhe conduz?
A chama da vela só crescerá depois de apagada a luz.




*A Jimi Hendrix
(27/11/1942 - 18/09/1970).

sábado, setembro 18, 2010

Quando o corvo fala





Tenho dúvidas... Muitas dúvidas.
Dentre elas, essa, e lhe pergunto:


"Existe, por acaso, um bálsamo para esse mundo?


E o corvo, grasnando, disse-me:
"Houve e nunca mais haverá."








*Extraído do poema: 
"O corvo", de Edgar Allan Poe.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Caixa de glória





Fui tentada por tanto tempo
Abandonei meu coração e a porta se fechou
E agora, estou cansada dessa brincadeira
Do outro lado, tranco-o junto com o meu arco

Não quero que outras garotas brinquem com a flecha
Só quem experimentou sabe como machuca-nos
Busco em vão, uma razão para tomar posse
Um motivo para tornar-me mulher tão precoce

Eu quero ser uma mulher comum, Isaac
Desacorrentada, liberta dos pecados, aberta a novas paixões
Não há calor nos verões e as plantas já não florescem como antes
Aqui pune-se a vítima; ainda devo-lhe explicações constantes

Semearei adiante, um pouco de ternura e compaixão
Por meio de uma nova moldura da mente
Enquanto meus olhos procuram um espaço, outra situação
Por perdão, fico estática olhando uma imagem diferente
Se acaso chorares sem razão, não haverá nenhum problema
Não te pedi para deixar de ser homem, o mesmo homem
Só uma olhadela de vez em quando, se puder
Afinal, continuo sendo uma atraente mulher?




*A Beth Gibbons e Isaac Hayes.
*Baseado em: "Glory Box", da banda inglesa: "Portishead", parte integrante do álbum "Dummy" lançado em 1995.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Paraíso antagônico


Fez-se o silêncio e o amor nasceu
Em mistério cresceu em meio às feridas
Da vida, triste de mim que estou vencido


Padecido, visualizo os restos mortais, já não posso repousar
Repousar minha cabeça em teus seios puros
Descançá-la enquanto a noite dorme...
Os ventos se acalmam e fez-se o funeral
Nele, houve ausência de toda e qualquer forma de ruído
Apenas os sapatos para ocasiões fúnebres emitiam sons
Estavam negros e tão brilhantes quando tudo parou e as lágrimas correram
E a morte, veio abrandar dos presentes
Tamanha dor, mérito e silente beleza


Nunca mais os calçarei, do paraíso antagônico farei
A morada que preciso e nela, ansioso, esperá-la-ei
Havia muitas coroas naquele funeral em Rosegarden.






*Homenagem a John Cale
(09/03/1942).