terça-feira, junho 30, 2009

Subjugar e não ter


LiGAçãO PeriGOSA
FeTiCHISmO
EXIBiçãO viRTuoSA...
FRequeNCia SemANAl
ConsCUpicIênCIa CaRNaL...
LUXúRiA
DoMINAçãO
BOcA
rETInA..
LÍNguA
mãO
CORaÇãO
CaUSA e rAZão...
dESEjOs InTENSoS
NÃo dÁ pRá CONteR
fOtos, FIlmeS, REGistrOS
sUbJUgaR E nÃO tER...e
nA OBSceNIDadE sE peRDEr...



*DeDicadO à DRuMMond e sUa FaSe oBsCEnA.

The Cramps - Human Fly




Human Fly
(The Cramps)


Well
I'm a human fly
It's spelt F-L-Y
I say buzz ,buzz, buzz, and it's just because..
I'm a human fly and I don't know why
I got ninety six tears in my ninety six eyes.

I got a garbage brain, it's drivin' me insane
And I don't like your ride, so push that pesticide
And baby I won't care, 'cause baby I don't scare
'Cause I'm a reborn maggot using germ warfare. Rockin'
Zzzzz...

I'm a human fly
It's spelt F-L-Y
I say buzz, buzz, buzz, and it's just because..
I'm a unzipped fly, and I don't know why
And I don't know, but I say

Buzz...ride tonight
And I say buzz...rocket ride
And I say buzz...I don't know why
I don't know I just, don't know why.










*Homenagem do poeta à banda mais tosca da história do Rock: 
The Cramps.

**Salve Poison Ivy e 
Lux Interior!

segunda-feira, junho 29, 2009

No velório, a quadrilha






Ataulfo nunca amou Joana
Era D'arc, nome composto
Para sua surpresa
Em agosto,
Foi trocada por Tereza.
Na incerteza, deixou-se por Miguel
Parecia coisa certa,
Homem fiel
Mas, Miguel não amava ninguém
Joana D'arc permanecera aquém
Ataulfo tinha câncer
Sua próstata retirada
Tereza, tornou-se enfermeira,
Permanecera sua criada
Dessa missão,
Joana fora poupada.
Miguel, tácito, apático
Labutava de noite
Dormia de dia, pouco prático
Joana queria amor
Trocou-o por Cervantes,
Naturalmente, sem pudor.

Os vizinhos a par de tudo
Comentavam, discutiam, acusavam
Casal pecaminoso, trio ardoroso
Moradores do bairro Jardim
Fornicavam, sorriam e gozavam, enfim...
Prazeres como alento,
Alheios aos olhares
Ataulfo não resistiu
Seu corpo frágil sucumbiu
Tereza, num suspiro se esvaiu.
Gente conhecida velava
Joana, Cervantes e Miguel
Ao velório lá estavam
Unidos, separados, envolvidos
Na verdade, casos muito parecidos
Cumprimentaram, sentaram e se foram
Para espanto de todos, escárnio geral
Noutro dia o comentário:
Os três no funeral
Como pode, que indecência?
Onde está nossa moral?
Luxúria,
Volúpia,
Lascívia,
Que pecado capital!



*Baseado no poema: 
"A quadrilha" de Carlos Drummond de Andrade e no filme: 
"Dona Flor e seus 2 maridos", BRA/1977, 
Direção: Bruno Barreto.

quinta-feira, junho 25, 2009

O chamado para Mr. Moonwalker




O pop é antropofágico, sedutor, mágico!
Mas, paga-se com a vida o sucesso que ele lhe dá.
Que destino trágico nesse beco escuro.
Um velho poeta, caminhava por ele quando encontrou.

Num sussurro, Mr. Moonwalker lhe perguntou:
Para onde eu vou agora?
Algo nele me atraiu... Seu semblante talvez.
Quem sabe sua feição?

Posso senti-lo numa canção, ao vê-lo encurvar-se diante da dor.
Mão no tórax na face rubor.
Palavras oscilam pela boca.
Na noite urbana luzes cintilam.

O vento lhe chama, vai criatura!
Parta agora,  pois o chamado vem do coração.
Correste o risco desejado.
Fora perseguido, questionado, amado...  Idolatrado!

Embriagaste com o sucesso e, como num retrocesso, se sentia criança.
Agora, sua alma avança.
Atravessa a treva do vale da morte.
Espírito liberto, deixe os remorsos para trás,
E assim, descanse em paz.
Sua vida era apenas uma chama fugaz.


*Dedicado a Michael Joseph Jackson 
(29/08/1958 - 25/06/2009).

terça-feira, junho 23, 2009

Concepção dos antigos


Nos livros antigos está escrito o que é sabedoria:


Manter-se afastado dos problemas do mundo.
Sem medo, perdurar o tempo profundo.
Abster-se do caráter imundo.
Atuar pela razão sem superstição.
Seguir seu caminho sem violência, com atenção.
Pagar o mal com benevolência.
Esquecer os desejos, enfim...
Regular os anseios com paciência sim.
Sabedoria é temperança.
Mas, pobre de mim!
Ajo em tentação, sem esperança.
Homem sem brios, na verdade, eu sei...
Que vivo aflito nesses tempos sombrios!




*Adaptado do poema: “Aos que vão nascer” 
de Bertold Brecht
(10/02/1898 - 14/08/1956).

segunda-feira, junho 22, 2009

Raio X do tórax de um poeta gótico





Estruturas ósseas visualizadas sem desvios
Com abaulamentos
Mediantismo centrado
Cúpulas frênicas livres

Sem congestionamentos
Hilos e tramas vasculares anormais
Hipertransparências vicerais
Com certeza, são sinais...

Área cardíaca além dos limites da normalidade
Meu coração, eu pressentia
Bate descompassado da realidade.

domingo, junho 21, 2009

Otimismo de Lou James, o cândido


"Sic transit gloria mundi."






Há sempre um túnel no fim da luz
Atravesse o lado escuro do paraíso
E vá além...
O decisivo juízo
Foi estabelecido, Mr. Thundertten.

Travou sua batalha
Sofreu pela arte
Teve coragem e medo profundo
Como seu pares,
Envelheceu cedo.

Viveu no melhor dos mundos
Expulso de castelos, amores inverossímeis
Barris e martelos
Sofreu inquisição
Duelou entre espadas com o barão
Deu-lhe cabo, senão.

Perdeu rebanho em El Sufatte
Agora, em reflexão, se apanha
Beije minha face, o presente me engana
Afaste-se de mim
Entre cidras e pistaches
Vá cultivar o teu jardim.





*Dedicado a obra "Cândido ou o otimismo" (1759), 
de Voltaire (21/11/1694 - 30/05/1778).

sábado, junho 20, 2009

O julgamento do criador - Retinas Queimadas



No início do verão
Um julgamento ocorreu
Com a sentença nas mãos
Do Burgomestre ao 'Prometheu'.


Elizabeth, do auditório observava
As feições retraídas de seu noivo réu
Negava os crimes com veemência,
Permanecer-lhe-ia para sempre fiel.


O doutor, diante do juri explanava
O porquê, a explicação...
Dizia que não imaginava
O sentido de sua criação.


Não fui eu quem o criou
Não foi você, não foi ninguém
Doutor Henry, então negou
A criação de Frankenstein.


Monstro salafrário
Não adianta se esconder
Você é o culpado
E pelos crimes vai morrer!


Estou condenado pela soberba
Domínio adverso, dádiva da vida
Enchi o meu cálice com o veneno do desejo
Oh, Elizabeth querida!


Enquanto o monstro se afasta
Desaparece na escuridão
Eu perco minha liberdade
Encarcerado numa prisão.


Ele odiava Fritz
Que sempre o atormentara
Adeus, pequena Maria
Que no lago se afundara.


Pobres almas, a culpa é minha
Assumo com aflição
Só queria ter na mãos
A chama da alma
O dom da criação.






"Frankenstein ou O Moderno Prometheu" de 1831, romance gótico de Mary Shelley foi adaptado ao cinema em 1931 pela Universal Pictures e dirigido por James Whale, com Boris Karllof intérprete do Monstro.

sexta-feira, junho 12, 2009

Minha morta - Retinas Queimadas




Uma vez, amei perdidamente
Porque amamos brevemente?
É estranho ter na mente, uma predileção
No coração, uma única inclinação
Na boca, inteira satisfação

Um nome que pronunciamos como uma prece
Encontrei-a e amei-a em clamor
E vivi em sua ternura, em seus braços, em seu olhar
Nem sabia se era dia ou noite, não havia rancor
Quando retirava seu vestido, quando me envolvia em seu suor

Não vou contar nossa história
O amor só tem uma
E é sempre a mesma, fatal
Em minha mortalha negra
Narrarei seu funeral

Voltou molhada da chuva
E, no dia seguinte tossia, tossia
Tossiu por uma semana e ficou de cama
Médicos chegavam, receitavam, saiam
Mas a testa era quente e as mãos ardiam

Um padre sarcástico
Disse-me enfático:
- Sua amante foi-se... E fez um sinal
Levei como insulto, expulsei-o do local
Mas veio outro, terno e bondoso e ao falar dela, um pequeno conforto

Consultaram-me sobre o enterro, as coisas relacionadas
Caixão, roupas, música, cerimônia e unção
- Ah, meu Deus, perdão!
Então, ela foi enterrada
Nunca esquecerei o ruído das marteladas

Caminhei pelas ruas
Depois voltei para casa
No dia seguinte, em desatino
Parti em viagem
Paris seria o destino.



Poema baseado no conto: "A Morta":
Guy de Maupassant (1850-1893)

Assista no Youtube: Retinas Queimadas - Minha morta

quarta-feira, junho 10, 2009

Clown, o palhaço - Retinas Queimadas






O senhor do riso
Perdeu sua graça
Desesperadamente
Caiu em desgraça.

Ninguém mais ri
Das suas gafes
Palhaçadas sem graça
Acabaram às traças.

Astro circense
De repente...
Num passado recente
Atração decadente.


Clown, Clown, o palhaço!

Não há mais riso
Futuro impreciso
Não há mais circo
Não há mais público.

Seu show acabou
Nunca mais, aplausos ouviu
Pusilânime, se entregou
Quando seu mundo ruiu.
Clown, Clown, o palhaço!


O poeta narra o fato
Jamais lhe anuiu
A perda do estrelato
Da fama que se extinguiu.


Clown, Clown, o palhaço!
Lou, Lou... O sem graça!





ASSISTA NO YOUTUBE 
A VERSÃO LEGENDADA: Clown, o palhaço

terça-feira, junho 09, 2009

Epitáfio (antes da hora) de Lou James





"O que fui, não representa mais o que sou.
Foi-se a matéria, ficam as idéias"
(Marciano James)























domingo, junho 07, 2009

A metamorfose em barata










Naquela manhã,
Sanssa despertou e constatou:
Uma metamorfose o transformara!
Seu pior pesadelo, acordado, encontrara!

Viu sua casca... Viu seu ventre.
Viu sua boca... Estava sem dentes!
O que aconteceu, meu Deus?
Não estava sonhando, percebeu-se movimentando...

Na cabeceira da cama se sentia delirando.
Visão na vertical, a metamorfose trazia-lhe dor...
E Gregor lembrou-se que era um vendedor.
E, de sua labuta, sustentava com presentes, suas putas, seus parentes.

Olhou pela janela, apoiou-se para ver que o tempo piorou.
Lá fora... Gotas de chuva pingavam na vidraça que estourou!
Estava muito pesado, desajeitado, seu tórax achatado...
Obcecado em levantar-se, começou a revirar-se.

Queria libertar-se, abandonar aquele cárcere!
A metamorfose em barata foi uma situação ingrata!
Nunca mais foi visto, nunca mais acordou...
Só quem leu, pôde afirmar sobre a lenda que se criou.




*Inspirado na obra de Franz Kafka: 
A Metamorfose (1912).

sábado, junho 06, 2009

Indagações de Lou James, o Moderno Prometheu



Acaso, óh criador,

Lhe pedi que do barro me moldasse homem?
Pedi para que me erguesse das trevas?
(Willian Golding)


O que sou, agora que me fizeste?
Qual o ânimo que sentes em transformar matéria em vida?
Lembra-te quando esquartejavas o animal vivo?
Para resgatar-lhe o sopro de vida que perdias?

Hoje sou mais que homem!
Sou rijo como a rocha, sólido como o minério.
Uma substância consistente molda meu coração...
E não é a mesma substância fria das geleiras do Norte.

A sombra sempre será negra?
E, na busca da incandescência, acenderei minha pira funerária em triunfo...
E exultarei a agonia das chamas que meu corpo produzirá.
E, finalmente, minhas cinzas serão varridas pelo vento em direção ao mar.

Adeus...
Ad calendas greccas.

*Baseado na obra: "Paraíso perdido, Ato X", 
de John Milton(09/12/1608 - 08/11/1674).

Cemitério de cachorros



Quando o homem atingiu a colina
Viu de cima as pessoas, as meninas
Tetos irregulares, sino a badalar
E lá embaixo, transeuntes a pecar.

Tirou os óculos, piscou os olhos
Olhou ao redor, saco no chão
Dentro dele
Um cadáver, um cão.

Cachorro desconhecido
Começou a cavar
Animal desaparecido
Sob a terra em breve estará?

Mas, se fosse outro?
O verdadeiro cão?
Enterrá-lo-ia na escuridão?
Quis olhá-lo melhor, gerou-lhe perturbação.

Aqui jazem os cães!
Pensou a olhar.
Ao redor várias covas.
Paisagem limiar.

Sua ideia era enterrar.
Necessidade criada, afã de cuidar.
Cuidar de um cão morto.
Pá na mão e um conforto.

Aqui mesmo, pensou.
E, num gesto grotesco, começou...
Pá fincada o chão abriu.
E com delicadeza o cão caiu.

Pousou naquela cova.
Viu terra na mão.
Admirou com certo gosto.
A sua perfeição.

Começou a pensar.
No verdadeiro cão.
E com dificuldade não encontrou a razão.
Deu-te então, o nome Abraão.

No cemitério dos cachorros loucos.
Esse homem trazia a dor.
Passava noites em claro.
E de dia professor.

Em sua cidade triste.
Ninguém o observava.
Mas ele recolhia.
Cada cão que encontrava.

Cães famintos, quase mortos.
Dava cabo, resignava.
Sua missão.
Os seres desintegrava.

Era assim que o queria.
Cobrir os cães com terra fria.
O professor de matemática.
Lecionava geometria.

Naquele dia frio.
Deu um suspiro fundo.
Um sorriso amarelo.
Um regozijo quase imundo.

Passava discreto, sua sina.
Inocente de libertação.
Abatia cães como insetos.
E no colégio outra missão.

Lembro-me de ti quando era pequeno.
Meu cachorro inquieto, sumindo era certo.
Aquele homem cheirava as ruas.
Num gesto repleto de agruras.

Quem é o cão heroico.
Quem sairá dessa punição?
Viver é uma alegria?
Para os cães uma missão.

Eu via a angustia em seus olhos.
Via a angústia de ser cão.
Quem poderia abandonar-te?
Matar-te com um ferrão?


*Baseado no conto:
"O crime do professor de matemática" 

de Clarice Lispector.

quinta-feira, junho 04, 2009

Quase Nada

"Viu-me, e passou,
Como um filme..."
(Paulo Leminski)





Queria um quase nada
Um mínimo de tudo
Um trecho de um livro
Um cálice de vinho pela metade
Uma canção de 30 segundos.



No fundo, no fundo, queria dissipar esse desespero
Quem sabe a sua presença ou uma rima que conduza o verso
Mas não a encontro, nunca a encontrarei
Basta resignar-me a insignificância dos seres
E quem sabe um dia deleitar-me em prazeres.




*A Paulo Leminski
(24/08/1944 - 07/06/1989).

A Desobediência Civil (Breve resenha)


Hoje, na biblioteca da escola, um livro brilhou para mim:
"A Desobediência Civil", de Henry David Thoreau.

Fantástico, reflexivo e muito oportuno, já que estamos vivendo um momento pré-eleitoral.
Nele, logo de cara, encontrei afirmações como:
"O melhor governo é o que governa menos".
Já que o Estado se apossa lentamente do patrimônio do cidadão que acumulou uma propriedade, não valeria a pena acumular posses pois com certeza ser-lhe-iam cobrados os eternos impostos. O Estado peca por "Excesso de Exação".
Ele ainda afirma que:
"Deves viver contigo e depender só de ti, sempre arrumado e pronto para partir e não ter muitos negócios.
Essa visão se torna estranha a nossa compreensão contemporânea, eu, por exemplo acredito no conceito sobre "seres análogos" e não pretendo sair em debandada, mas estou sempre pronto, isso sim.
Em seu livro ele cita Confúcio, que diz:
" Se um Estado for governado pelos princípios da razão, a pobreza e a míséria serão objetos de vergonha.

E, se um Estado não for governado pelos princípios da razão a riqueza e as honrarias serão objetos de vergonha?
Respire e reflita, depois me conte.


Lou James, outono 2009.

Tempo prá tudo - Retinas Queimadas



"Tudo tem o seu tempo determinado, 
desde o princípio até o fim."
(Eclesiastes.Cap.3)





Há tempo prá tudo embaixo do sol
Tempo prá plantar
Tempo prá colher
Tempo prá nascer
Tempo prá morrer
Tempo prá tocar
E tempo prá cantar
Tempo de abraçar
E tempo de afastar-se.



Há tempo prá tudo embaixo do sol
Tempos de guerra
E tempos de paz
Tempo de calar-se
Tempo de falar
Tempo de buscar
Tempo de se perder
Tempo de espalhar
E tempo de juntar as pedras.


Há tempo prá tudo embaixo do sol

Tempo de amargar a garganta

E tempo de sobremesa
Tempo de convívio social
Tempo de misantropia
Tempo de abstinência
E dipsomania.




*Baseado no livro "Eclesiastes" 
ou "O Pregador"


Prometheus


TITAN! to whose immortal eyes
The sufferings of mortality,
Seen in their sad reality,
Were not as things that gods despise;
What was thy pity's recompense?
A silent suffering, and intense;
The rock, the vulture, and the chain,
All that the proud can feel of pain,
The agony they do not show,
The suffocating sense of woe,
Which speaks but in its loneliness,
And then is jealous lest the sky
Should have a listener, nor will sigh
Until its voice is echoless.

Titan! to thee the strife was given
Between the suffering and the will,
Which torture where they cannot kill;
And the inexorable Heaven,
And the deaf tyranny of Fate,
The ruling principle of Hate,
Which for its pleasure doth create
The things it may annihilate,
Refus'd thee even the boon to die:
The wretched gift Eternity
Was thine--and thou hast borne it well.
All that the Thunderer wrung from thee
Was but the menace which flung back
On him the torments of thy rack;
The fate thou didst so well foresee,
But would not to appease him tell;
And in thy Silence was his Sentence,
And in his Soul a vain repentance,
And evil dread so ill dissembled,
That in his hand the lightnings trembled.

Thy Godlike crime was to be kind,
To render with thy precepts less
The sum of human wretchedness,
And strengthen Man with his own mind;
But baffled as thou wert from high,
Still in thy patient energy,
In the endurance, and repulse
Of thine impenetrable Spirit,
Which Earth and Heaven could not convulse,
A mighty lesson we inherit:
Thou art a symbol and a sign
To Mortals of their fate and force;
Like thee, Man is in part divine,
A troubled stream from a pure source;
And Man in portions can foresee
His own funereal destiny;
His wretchedness, and his resistance,
And his sad unallied existence:
To which his Spirit may oppose
Itself--and equal to all woes,
And a firm will, and a deep sense,
Which even in torture can descry
Its own concenter'd recompense,
Triumphant where it dares defy,
And making Death a Victory.

"Prometheus" is reprinted from Works.
George Gordon Byron (1788-1824).
London: John Murray, 1832.

Lord Byron me falou


"... Um fogo existe, que é a própria animação da alma e não reside nos limites da substância, mas alcança além da medida do desejo."
(Lord Byron)

Indagações de Mary Shelley




Devo procurar a felicidade na tranquilidade ou no caos?
Devo evitar a ambição ou deseja-la?
Devo ser indiferente às coisas do mundo?


Eu tive minhas esperanças destruídas, mas posso ser, um dia, bem sucedida?
Não há como furtar-me, senão entornar até a última gota do cálice da amargura.
Mas, pensando bem, e analisando as conjecturas:
Não há demônio.


Há uma sensação de segurança, uma inefável impressão de que se estabelece uma trégua entre a hora presente e o futuro inexorável.
Isso me impele ao mar do esquecimento, sobre ondas que deixei pairar meu pobre espírito.



Indagações que afetam meu metabolismo.
Respostas que perturbam minha resignação.


Mary Shelley, escritora. 
(30/08/1797 — 01/02/1851).

Cem anos de depressão






Após sucessivos eventos sinistros
Tudo é doloroso para a mente humana
A calma mortal da inação e a incerteza que priva a alma
Me causam cem anos de depressão.




O sangue flui sob as veias
Mas eu sinto o coração oprimido
O peso do desespero que nada remove
São cem anos de depressão.




O sono me abandonou há tempos
E eu errava sob as noites chuvosas
Há cem anos de depressão
Cem anos de depressão.




Eu iniciei a vida com boas intenções
Ansiava pela prática das coisas
Mas hoje ja se passam
Cem anos de depressão.




A calma mortal da inação
E a certeza que priva a alma
Me causam cem anos de depressão
Cem anos de depressão.




*Baseado em "One hundred years": 
The Cure (1982).