“(...) Numa delicada convulsão, o mais vivo
do seu espasmo foi alcançado;
Ela o sentiu alcançado – e tudo se consumou:
Seu “eu” esvaiu-se; Constance não era mais
Constance,
Apenas uma mulher.”
(Trecho de “O Amante de Lady Chatterley”: Lawrence, David Herbert)
Tentando ficar de olho, como um cego magoado, vejo-te iluminada
Perdido nessa cama, sem perceber a dica do dia, paraplégico e inválido
Dizendo o que não devia a mim mesmo, recordando o passado saudável
E puxando assunto com as paredes, sou o barão Clifford Chatterley.
Considere isto, pecado e traição entre folhas da Bíblia...
Coladas até o teto; clamando a salvação, entrego-te querida
A guerra me deixou incapaz, marcou minha existência
E o que aconteceria se você não tivesse realizado suas
fantasias?
Se nunca tornassem realidade, se não conhecesse os prazeres da carne?
Eu sei que fui longe demais, Chatterley, mas você me
incentivou...
Sempre via você sério, contando-me histórias
sobre a guerra e seus feridos.
Achei que poderia ouvi-lo cantando, tentando voltar a andar
Pensei ter visto você tentar... Ouça-me, vou lhe
falar, meu marido
Apaixonei-me por Mellors e, um filho dele eu estou a esperar!
*Baseado em
O Amante de Lady Chatterley (1928)
D. H. Lawrence.