terça-feira, julho 12, 2011

O encontro de Friedrich Nietzsche com Charles Baudelaire




As coisas da Terra são ilusões
Em sua maioria ilusões fáceis de digerir
Mas, há também as ilusões que perturbam
Assim como há verdades que nos transtornam
Onde está a verdadeira realidade?
Nos sonhos, nas artes, no olhar do camponês?
Nas leis do parlamento ou nas ordens do Rei?
Talvez na arte, meu caro filósofo...
... Para que, diante dela, possamos nos erguer para contemplá-la
Ou até mesmo nos sonhos...
... Para que nós possamos nos alimentar dos nutrientes oníricos que nos distanciam da presença da Morte
É tão perigoso ver a totalidade das coisas, Charles
Os tons dos sons, das palavras, a altura da gargalhada
Sinta a maravilha que é estar vivo diante de um bom vinho
Inebriar-se com os terríveis espetáculos da natureza
E saiba:
Apenas dois puderam sentir o perfume que vinha do Jardim do Éden
Foi logo que eu saí Friedrich?
Não, foi um pouco antes de você chegar, Charles
O mensageiro trouxe aquela carta que você disse que rasgaria
Assim que se apossasse dela
Nem o conteúdo leria...
... Essa informação me fez ocultá-la
Uma forma de preservá-la, manter a verdade intacta
Mas, acabei escondendo-a
De mim mesmo
E agora, enquanto você sorri com a boca, Charles
Eu sorrio com os olhos.




*Homenagem a Friedrich Nietzsche e Charles Baudelaire.

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