quarta-feira, dezembro 14, 2011

De estação em estação



“Pense o que quizerem,
Mas foi naquele velho quarto de Chopin
Que eu contraí uma tosse crônica
Que me fez tossir o tempo todo
Em que passamos naquele maldito chateau assombrado”
(Brian Eno)


Trilhos congelados derreteram na passagem dos
Pés descalços, nus, nos dedos esmeraldas em anéis
De prata, enquanto a face pálida observava a abstração dos vagões
Metálicos e lâminas, nada, uma ópera sintética preencheu os ouvidos, do trem


Ensurdecedor; aplaudi-lo-emos na estação, de pé
Ouvi-lo-emos, senti-lo-emos de estação em estação, freagem e aceleração
Lá fora, a friagem acima das escadas conserva os poucos cadáveres que restaram
Apodrecem lentamente nas calçadas ambivalentes


Heróis por um dia foram, esquecidos pela eternidade, agora...
São protegidos; estiveram por trás das cortinas ocres, velas de embarcação
Densas, permanentemente fechadas não impediram
A ação de suas passagens a outras dimensões obscuras


E lá, você caminhou lado a lado dele
Numa tentativa desesperada de sobreviver sem ele
Mr. Thin White Duke está chamando
Ele está te testando, me testando, novamente


Testando nossos limites, sendo aprazível, se aproximando
De nós com aquela cara de vivo-morto cor de giz-de-cera
Não respira e parece sucumbir no ato da aproximação
Fama e renome fizeram-no ter, em Berlim, comiseração da


Decadência artificial, há tempos não revê Metropolis em cartaz
As cartas de Fritz Lang te confundiram muito, meu rapaz?
Esquálido as lia, elas mudaram seus planos selados, fizeram-no repensar nos conceitos abstratos
Em Faust, no antipop, em Kraftwwek e no Krautorock, quadro urbano metálico


Som expressionista, oposto ao minimalismo pós-punk
Outrora, espaços escassos de ensaio, salões da Gestapo
Trilogia de Berlim: Low, Heroes e Lodger, concebidos distantes do lar
Protagonista dramática que só busca se conhecer para aos fanáticos tentar se explicar




*Título extraído da canção
“Station to station” (1976),
David Bowie.

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