quinta-feira, janeiro 16, 2014

Vinte e sete de julho de dois mil e vinte e sete




“Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare”
(Poética: Manuel Bandeira)



Vinte anos se passaram... Tudo por aqui é tão raro
Raro e comum, familiar e desconhecido
Ah! Como é bom vê-los chegando...
O lugar do início tendo-nos de volta

Lugar de onde nunca devia ter saído, mas poucos ficaram
Outros foram e voltaram; saí pequeno, continuamos crescendo
O espaço crescendo, amigos chegando e o lugar se agita
Um brinde ao tão aguardado, enfim o “Encontro Marcado”!

Nessa praia doce a banda do Belo toca acordes inexequíveis
Ao violão, uma gaita ecoa; você é bem real e está ainda mais forte
Conheceu o mundo, quantos filhos têm, ganhou dinheiro na Bolsa?
Esqueça os valores; peça uma canção e conte-nos estórias

Aquelas mesmas, velhas estórias conhecidas, por nós esquecidas...
... Depois peça um drink, outro... Cerveja fria e algo para beliscar
Tire os óculos, seus olhos parecem cansados para ver o pôr-do-sol
Busque seu casaco no carro, pois agora mesmo irá esfriar

Você se lembra... Nunca faz frio nesse lugar!
Vamos para a areia, nos sentarmos à beira
Contemplaremos o céu, as estrelas e tossiremos a brisa
No ar nuvens se movem, achem um lugar para todos ficarmos juntos

Depois que esse dia acabar ninguém tornará a ir embora
Pés na areia, cantaremos “Love me two times” noutra tarde ensolarada
Em êxtase, entorpecidos por lembranças, cairemos...
... Nas covas rasas que nós mesmos cavamos; e pelo mundo, esquecidos seremos

Arranquem da memória todos os Marcios que há em nós!
Esquecer-nos-ão os Leandros, os Nilsons e Paulos, todos afoitos eram...
Somos os Eduardos dos nossos rostos, os Cláudios de julho e agosto
Sol nos ouvidos, pecados cometidos, desavenças insensatas, ardem

Na face, e o ateu piedoso se exalta à beira da enorme piscina
Azul, pálido, amarelo, grita impropérios, espirra e tosse desatinos
Vejo nuvens refletidas; todos, a sua volta, admiram sua interpretação
Enquanto o aplaudo ele me olha e diz: Deixe o copo e venha, vou te dar uma lição!

Só nossa terra aprova nossas loucuras, nossos desacatos, mordidas nos corações...
... Selvagens, nada nos convence de que somos nossas próprias frases, nossas línguas
Fases de aranha tecendo, se equilibrando entre invisíveis teias nítidas
E nelas, unidos permaneceremos cantando Whitman e celebrando a vida
Até o dia que, chega o trem na Estação Maiakóvski anunciando nossa partida.





*No dia 27/07/2027 haverá um encontro de amigos 
Na praia de Miguelópolis SP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário