“E a mulher
amada, de quem eu já sorvera o leite
Me deu de beber
a água
Que havia lavado
sua blusa”
(Chico Buarque: Budapeste)
Neon; entro em
“The Asshole” vejo anônimos felizes se embriagando, dançando...
... Tristes, cantando, repetindo gestos, pessoas desconhecidas, flertando
Taças de aguardente; todos ao redor daquela dançarina, amando-a
E contemplando-a me coloquei em suas mãos, aceitei-a; acendo um Fecske
Aceite-me; aqui em
Pest margeei o Danúbio, já não há tempo para remorsos
Pensar em casa, felizes sem mim? Tirei a criança obesa do coração, estou leve
Deixei o amanhã reluzir, ouro e prata brilham tal qual o idioma de Kriska; sua
língua, seu pescoço alvo como neve
Esta aqui vai para a mãe de meu filho, que deixei do outro lado do mundo,
que amava...
... Esta aqui vai para aquela que eu abandonei num avião para Londres
Uma simples palavra para ocupar meu tempo; seu corpo
branco, branco... Branco como a luz do dia!
Zsoze Kósta... Zsoze Kósta, sim! Esse é o meu nome desde que cheguei na Hungria
Esta aqui vai para aquela que eu amo: Aprendi a chegar em Újpest!
Descobri um jeito de fazê-la sorrir; tão bela, vivendo nesse lugar lúgubre,
esquisito
Fora da mente, cavo um buraco e jogo nele palavras e verbos das quais não
necessito.
*Baseado em: Budapeste, romance de Chico Buarque (2003).