segunda-feira, outubro 03, 2011

Lou Reed na sala de jantar




Estamos todos reunidos na sala de jantar
E, roemos as unhas uns dos outros
Já que, não há como roer as nossas próprias
Eu olho pela janela de vidro e só percebo construções utópicas


Parece ser muito fácil fugir desse lugar decadente
Mas, as últimas notícias vindas daquele velho jornal
Avisam-nos que, devemos permanecer trancados mantendo a calma
Afinal, não é bom sair por aí numa fria noite de natal


Estou cansado demais para pedir sua mão
Nela, percebo que não há mais unhas aptas ao rôo
Aqui, todos sonhavam com altos cargos de diretoria
Investidores da bolsa, exploradores de petróleo, comerciantes de especiarias...


... Hoje, só vemos o calçadão sujo repleto de cachorros imundos
Encharcados pela última chuva, hospedeiros de pulgas e carrapatos
A noite está límpida e podemos ver as estrelas, ouvir o barulho dos sapatos
Também ouvimos um concerto... Acho que vem do Teatro Central


As ruas trazem malícia e crianças vendem rosas de plástico nas esquinas com semáforos
Quando estão todos vermelhos, as prostitutas se aglomeram oferecendo seus serviços
Fico observando como selecionam seus clientes a dedo
De repente, achei a sorte, encontrei um livro dentro da lixeira


E, enquanto eu ter que permanecer aqui, lê-lo-ei 
Até que eu descubra realmente o que ele quer dizer 
Pois, não é sempre que se encontra um clássico na lixeira
Apoio-me na cadeira e começo pelo capítulo que terminei na última terça-feira



*A Lou Reed.
Nascido Lewis Allen Reed
(02/03/1942 - 27/10/2013).

2 comentários:

  1. Um belo Blog caro James. Já estou seguindo-te. Um abraço.

    ResponderExcluir
  2. Este sim,Lou.Além da belissima homenagem onde tu conseguiste pegar um pouco da aura do teu xará já não era sem hora!!!Abrç!

    ResponderExcluir