sexta-feira, março 16, 2012

Nenhum sonho pode ser mais longo do que um outono






Sem visão para vê-lo aqui de baixo
Da cama, há um louco em minha mente
E ele tem uma idéia, acho...
Bato com a cabeça e ela sangra


Na cabeceira, quando sentia-me bem
As palavras ecoavam dentro de mim
Verdadeiras, ao rastejar eu inalei impurezas
Não consigo encontrar recursos que estaquem o sangramento


Sobre a mesa, para aprender a manusear essa arma
Chamei pelo nome esquecido, arranquei cabelos, penteei-os
Não há alternativas para combater uma calvície provocada?
Pelas mãos, munições para se sentir homem com desejos humanos


Adulto, ser uma criança, ser um velhinho magro
De punir os atos impensados, simples assim...
Porque não pode haver diversão por aqui, nessa cabeça rachada?
Grisalha, não se pode encontrar o caminho para a luz sobre a calçada?


Sozinho não há o que fazer, estou calvo, sem peruca
Por lei, pena na solitária; desejos solitários, vida solitária
Devido ao formato que nos foi apresentada, a cela
Induziu-me à dias escuros e nublados como um hoje eterno


Eu tenho um sentido aguçado, quadrado...
... Ouço o chamado, vindo além das barras de aço
Caem as folhas do telhado, caem os cabelos, há tempos estou aqui
No assoalho, nenhum sonho pode ser mais longo do que um outono


Passo a não levar as coisas tão à sério
É sério, acredite nos meus ouvidos, eles nunca estão prontos para ouvir
Mas, eu ouço o espectro me chamando todas as noites
Nessa frequência inevitável eu o ouço



É verdade, eu ouço sua respiração
Desperto com seu susssurro em meus ouvidos
Seu nome, Todd Rundgren, sinto as batidas do seu coração...
Responda-me, todas as minhas dúvidas, num refrão


A única verdade absoluta, dizia o velho trovador
É a certeza da morte, e nela há que se regozijar
Para alcançar algo supremo e descobrir
Que certamente tudo o que eu quis sempre esteve fora do meu alcance



Suave maré de paixão, agora somente um sonho, amor esquecido...
É, somente um sonho como outro qualquer, esqueço o pavor
Puramente suplico por um barulho, a quebra das vidraças
Estou molhado e já não tenho toalhas para me secar o suor


Faça-me acordar e interromper esse sonho que não se finda
Entorpecido, há diversão sempre que eu desejar, um violão para tocar?
Um homem sozinho não consegue o perdão ao, de joelhos, suplicar e orar?
Eu não posso me manter em penitência eterna?
Devido a forma dos dias de hoje que passam tão rápido
Tenho um sentido afiado, e então, num esforço, acordo e ouço o som do ponteiro metálico


Tic-tac, tic-tac... Tic-tac, tic-tac... Tic-tac, tic-tac...




*A Todd Rundgren (22/06/1948)

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