terça-feira, janeiro 05, 2010

No baile de máscaras, A Peste, sem disfarces



Se parece é porque é
Não adianta fugir, Próspero Príncipe
Nem se esconder com seus vassalos


Durante muito tempo, seus otários
Devasto esse país, sem ensaios
O sangue que brota dos poros como orvalhos
As dores e vertigens são a marca dos trabalhos


Esse processo não dura meia hora
Sou rápida em meus afazeres
Não há como fugir, não seja tolo, nem me ignore
É só o tempo para perdoar dívidas, detratores e recitar bendizeres


Cercaste-se numa muralha, fiquei sabendo
Lá dentro nada lhe falta
Tem bons vinhos, diversão a contento
Músicos e bailarinas, em segurança crescem seus rebentos


Mas, aqui fora só há desespero e lamentos
A face rubra da morte é popular em seu reino de ilusão
Sei que tens bom gosto, apreciador de cores e efeitos
Em sua festa havia tudo, muito brilho, fantasias e ornamentação


Então, o relógio ébano soou meia-noite
Aquela badalada metálica acelerou-me, gerou-me perturbação
Vesti a fantasia, rodopiando avancei pelo salão
Dancei com belas moças, até ouvir tua intervenção


Nosso encontro foi fatal, prostraste-se diante de mim
Só poderia terminar assim, com sua vida extinguindo-se em minhas mãos
Sou a Morte Rubra, orvalhando teu tapete de sangue, essa é minha sina

Dominar a Europa, espalhar aos ventos treva e ruína.




*Baseado no conto: “A máscara da morte rubra” 
de Edgar Allan Poe.

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