I
Divina morbidez humana
Aquela velha enfermeira
Não encontrou nada?
Nada! Aqui está sua bebida
Trouxe-lhe uns cigarros soltos também
Ah, tomara que eu bata as botas bem rápido!
Pare de pensar nisso, Matt
Vai acabar se tornando mórbido demais
Não me preocupo, só me divirto, meu rapaz
Capaz, se demorar o bastante... Ainda, resisto!
Sei que ela virá lenta, após o escarro
E, ele é vermelho, contém o meu sangue
Depois, acho que meu coração desiste...
O médico, em labuta, tenta me salvar, insiste
A enfermeira, tão branca, assiste
Ele, tão nobre, desliza no vômito
E faz o meu infarto
Se parecer com um filme do Monty Python
Ao final, o arrependimento não me servirá para nada
Foi ela...
O agouro veio dela
Depois que aqui cheguei
As dores só aumentaram, bem sei
Primeiro a prescrição médica:
Dêem-lhe um laxante!
Ótimo, pensei
Eliminarei o ‘Big Bang’ num instante
Mas, de súbito, ela, a Irmã Morgan
Suspeitou de algo mais grave
Pediu minúcias no exame
Introduziram-me a câmera, passei vexame!
O que, Sr. Higgins, era obstipação?
Filmaram e fotografaram minhas entranhas
E, infelizmente não...
Câncer no intestino veio-me a confirmação
Ha, ha, ha, Deus do céu! Ah não... Esqueci-me das velas
Ha, ha, ha, ha, Sr. Higgins, viva mais, supere as eras
Vim me despedir, trazer-lhe umas coisas
E acabo lhe servindo de público para suas piadas velhas...
*Baseado no HQ "Vertigo": nº2 (1993)
Poeta, entrei aqui e aqui fiquei um bom tempo.
ResponderExcluirDelicioso tempo !