terça-feira, outubro 12, 2010

Outro café, por favor, querida








Por favor, traga-me outro copo de café
E algo para comer, minha querida Sarah
Até Durango, o caminho estreito é longo, árido e frio
Entenda-me, devo descer pelo vale e seguir a estrada rumo à vila
Depois da tequila, faz-se a hora de partir, sinto uma dor tremenda



Jamais receberei uma correspondência sua
Sei que não lê e nem escreve, sua escola foi a Cantina
Em sua estante nunca houve livro algum, só copos e garrafas
Mas, como sua mãe, conhece muito bem o futuro
E, ele está escrito, na palma de minha mão direita



Seu pai lhe ensinou como conduzir o teu pequeno reino
E, manuseia uma faca como ninguém nesse vale árido
Nunca atingirei as profundezas do seu coração
Ele é negro e denso como o oceano
Quando estamos juntos, não há limites para a satisfação



Solitário, deitei-me numa duna e olhei para o céu
Não havia uma nuvem sequer e meus olhos arderam
Muito fácil contemplar, impossível definir...
... O firmamento, a criação, lagartos e abutres
Todos estão ao meu redor, me esperando sucumbir



Você sempre esteve próxima, sempre ao meu alcance
Agora, como o cheiro do mar, está tão distante
Será que um dia, sentirei novamente aquele cheiro?
Você vinha dourada, em minha direção, toda molhada
E, ao crepúsculo, sentávamos e bebíamos protegidos pela enseada



Por favor, traga-me outro copo de café
E algo para comer, minha querida Sarah
A estrada é longa e fria até Durango
E, faz-se a hora de partir
Descer pelo vale para meu caminho seguir.




*Baseado em: “One more cup off coffee”, 
de Bob Dylan.

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