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sexta-feira, novembro 20, 2009

Sobre a metamorfose de Franz Kafka







“Quando certa manhã Gregor Samsa despertou, depois de uma noite mal dormida, achou-se em sua cama transformado num monstruoso inseto.”
(Trecho de: A metamorfose)




O livro “A metamorfose” de Franz Kafka (1915), começa com essa asseveração perturbadora que deixa o leitor intrigado.
Seria, afinal, apenas um sonho ruim da personagem?
O ser que, na noite anterior dormira homem e acordara inseto, só poderia estar tendo um horrível e surreal pesadelo.
E pelas páginas do livro percorremo-lo com a esperança de que esse transtorno existencial, em breve, será esclarecido.
Todavia, sabemos, não é isso o que acontece.

Nos livros de Kafka, as personagens nunca acordam de seus piores pesadelos.
A surrealidade da obra cria um humor negro perturbador e absurdo.
Essa é a magia do enigmático escritor.
As personagens angustiadas expressam os próprios sentimentos de Kafka em relação ao mundo e seus anseios, suas aflições.
Talvez a obra tenha uma relação entre o 'ser ativo' e sua capacidade de produção, já que Gregor era vendedor e mantinha, por meio de sua labuta, o sustento da família.

Com a alienação e o ócio, de sua transformação num 'enorme inseto', Gregor se preocupa com sua nova condição e as maneiras práticas de locomoção, alimentação e descanso, enquanto sua família se viu na necessidade de trabalhar e se subjugar à sociedade de consumo.
Ao mesmo tempo, ele tornou-se um estorvo familiar, já que, para a sociedade de consumo, como inseto ele deixou de produzir e conquistar recursos financeiros.
Tornara-se um acomodado e ocioso em sua nova condição.
Sem rendimentos de capital qual o valor do ser humano para a sociedade que se organiza pela e para obtenção e acúmulo de rendimentos financeiros?

“ (...) Morto?, disse a senhora Samsa, olhando interrogativamente para a empregada.
É o que lhe digo, empurrando com um cabo de madeira o corpo de Gregor Samsa inerte, comprovando a veracidade de suas palavras.
Bem, disse o velho Samsa, agora podemos dar graças a Deus.”

Esse é o desespero humano perante o absurdo.
Talvez o desespero do próprio escritor.

domingo, junho 07, 2009

A metamorfose em barata










Naquela manhã,
Sanssa despertou e constatou:
Uma metamorfose o transformara!
Seu pior pesadelo, acordado, encontrara!

Viu sua casca... Viu seu ventre.
Viu sua boca... Estava sem dentes!
O que aconteceu, meu Deus?
Não estava sonhando, percebeu-se movimentando...

Na cabeceira da cama se sentia delirando.
Visão na vertical, a metamorfose trazia-lhe dor...
E Gregor lembrou-se que era um vendedor.
E, de sua labuta, sustentava com presentes, suas putas, seus parentes.

Olhou pela janela, apoiou-se para ver que o tempo piorou.
Lá fora... Gotas de chuva pingavam na vidraça que estourou!
Estava muito pesado, desajeitado, seu tórax achatado...
Obcecado em levantar-se, começou a revirar-se.

Queria libertar-se, abandonar aquele cárcere!
A metamorfose em barata foi uma situação ingrata!
Nunca mais foi visto, nunca mais acordou...
Só quem leu, pôde afirmar sobre a lenda que se criou.




*Inspirado na obra de Franz Kafka: 
A Metamorfose (1912).