Mostrando postagens com marcador Interpol. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Interpol. Mostrar todas as postagens

sábado, março 19, 2011

Escravos dos detalhes



"Eu me obriguei a me contradizer"

(Marcel Duchamp)



Há muita coisa a fazer e eu não me vendi ainda

Não foi como você imaginou ou pensou que seria

Os vazamentos estão por toda parte e a pilha de lixo aumenta

Dizer que não tentamos é muito cruel da sua parte



Sinto muito... Muito mesmo

E, lá fora, a pilha de lixo só aumenta...

... O relógio marca vinte e três

Mas, sabemos que não passa das dez



Estamos remando em círculos nesse bote salva-vidas

É como aprender outro idioma na completa escuridão, das palavras

E ela me lê, ela pode ler minhas rugas e provar o sal de minha pele

Ah não, ela me conhece demais agora e distingue facilmente as minhas pegadas



No tempo em que passamos à deriva lhe disse tudo sobre mim

Tudo, tudo mesmo, até sobre os desejos vencidos dentro da geladeira

Vamos combinar uma coisa, senhorita Rrose Selavy?

Hoje à noite, ninguém dorme e você terá tempo de me contar sobre sua vida



Sua partida, quando foi a sua chegada... Aonde nos encontramos?

Subiremos a escada que nos levará ao quarto do colecionador Marcel Duchamp

Para juntos catalogarmos as espécies de abutres empalhados

E isso, poderá levar um bom tempo...



Olho pela janela e percebo que não estamos sozinhos aqui

Todas as pessoas que você amou em forma de autorretratos

Estão lá fora ao relento, transtornados

Amor, é a vida! – Você diz sussurrando-me

Imagem trágica, tarde; porque todos eles estão espirrando?



E descubro que, na pilha de lixo, há muitos abutres empalhados apodrecidos



*A Marcel Duchamp: 28/07/1887 – 02/10/1968

*Título extraído da canção: “Leif Erikson” da banda nova-iorquina Interpol

*Rrose Selavy foi um pseudônimo do artista Marcel Duchamp

segunda-feira, julho 05, 2010

Stella, a mergulhadora




Quando ela caminhava pelas ruas
Sempre encontrava um bueiro
As pessoas a observam, esperando-a cair


E ela, outra vez, caía em desespero
Tornou-se mergulhadora e ficava sempre por baixo
As vezes que tentou fugir dessa condição
Somente em direção ao mar tomava seu rumo


Brincávamos de amar e ela ia fundo
Havia muito prazer quando lhe acariciava as fendas
E, ela sempre cai... Sem vergonha de cair novamente
Sua última vez foi ao escorregar nas goteiras do teto
Deslizou em direção ao subsolo, encontrou as tubulações
Desde então, morando no fundo do mar, ela alimenta os tubarões.



*Baseado em: 
"Stella was a diver and she's always down", 
da banda nova-iorquina 
Interpol.