sexta-feira, janeiro 15, 2010

Confissões de Lolita

Iniciei-me precoce, suave e irreverente
Aviltação em matéria da criação inconsciente
Sua sedutora mostrando-lhe o precipício bem à frente
Vangloriava-me, de início, na arte da sedução incongruente
Numa incerta hesitação adolescente



Humilhava-me por não ser flor
Desprezava-me por ter seios assimétricos, sentir dor
Jogava-me em seus braços num fascínio inacabado, quase-amor
Tornava-me antipática pela perdulária fertilidade
Apesar da idade, exigia-me quadris com habilidade



Não era “a que se cheire”, acusava-me em defesa
Fingia que iria lhe esquecer, recomeçar, um jovem de minha idade conhecer
Cedo ou tarde, igualaríamos em emulação e desacertos
Nas manhãs, preenchia-me de indelicadeza viscosa e espessa
Ao seu modo, terna violação, desfazia-me ilusões, presenteava-me com infames comparações



Não me deixaste pétalas ou folhas, só as palavras certas
Arrancaste-as em logro encanto, Sr. Humbert Humbert
Em incompatíveis emoções, seu forno me esquenta
Ferindo as conveniências, sendo inoportuno
Trouxe-me prejuízos e desvantagens e não se lamenta
Mas também lhe quis, desejei partir contigo, sem rumo, isso eu assumo!







*Baseado em "Lolita" romance 
de Vladimir Nabokov (1955).

Um comentário:

  1. Lolita,Lolita!Emblemático,não simpatizo com rótulos,mas Lolita talvez seja um dos romances mais emblemáticos da literatura moderna.O sentido do proibido,latente em cada ação do protagonista.Lou,cheguei aqui pelo Brunão do Superlativo e curti muito.Valeu.o meu http://oficinamissoes.blogspot.com/ está de molho,mas tenho um projeto comum com mais dois caras muito bons chamado http://totolunatico.blogspot.com/ com contos despudorados e politicamente incorretos(também não curto essa definição,mas se faz necessario).aBRÇ!

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