sábado, dezembro 04, 2010

Canto para Neruda



"Um quadro só vive para quem o olha."
(P.Neruda.)




... E a amante velou o poeta que
Morreu lentamente por nunca evitar as paixões
Um dia sua voz renascerá?
O seu maior castigo foi ter vivido sem dores
Em pensar que nunca morreria de novo
Desse refúgio não deixou pistas, apenas páginas escritas


Uma prece fez arder meu coração estrelado
Assim me foi ensinado...
... Ao chegar, toque o sino!
Toque o sino e todos saberão
Que um dia sua voz renascerá numa canção
Numa canção de amor prudente, de amor ao povo, de amor à nação


Então, abriste mão da primavera para continuar contemplando o Pacífico
Assim me ensinou: Ao chegar, toque o sino!
Toque o sino e todos saberão
Que o retorno do mar aconteceu outra vez, sem agruras
E tantas outras vezes, como quem se transforma em escravo do hábito, por repetir todos os dias os mesmos trajetos e gestos específicos
Imaginava, consigo mesmo, que só arderia nas alturas?


A esperança lhe abandonou, os versos não
Depois de partir é que percebi que navegava para não deixar rastros
Um Astro? Jamais lhe pouparei o meu olhar, nunca mais permanecerei inerte
Não abandonarei o chapéu que me deste
Comerei o peixe que me servirem, antes...
Deixarei para a posteridade mais um poema sobre os Andes.



*A Pablo Neruda 
(12/10/1904 — 23/09/1973.)

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