quarta-feira, dezembro 01, 2010

Fogo e artifício








Crianças... Ouçam crianças!
A voz dos abutres... Vejam!
A cor dos répteis... Sintam!
O cheiro da alcatéia... Sofram!
A indiferença dos humanos... Busquem!
O amor celestial... Morram!



As mulheres da outra margem dizem-lhes:
Antes de morrer... Vivam!
Vivam conosco e esqueçam as mazelas da vida
A noite começa... Venham!
Venham agora, e vivamos todos nessa floresta urbana
Repleta de pântanos, crocodilos e abutres!



Juntos, não tornaremos comida dessas almas mundanas
Nossa união fortalece-nos, como gravetos unidos
Separados somos frágeis... Quebrar-nos-ão!
Facilmente, nos quebrarão na primeira investida
Isso foi-nos dito e repetido
Se, não cumprirmos o plano, nenhuma recompensa celeste nos servirá



Afinal, ao acordarmos, hoje
Por preguiça, desperdiçamos toda a manhã
Não tocou em nossa pele, o calor dos raios solares
Não beijamos o vento, não vencemos a gravidade
Passamos, em vigília, a noite toda atrás da porta
A noite toda... E isso tem um preço físico



Ah, ensolarada vaidade, ensolarada tarde
Até que um dia, far-se-á nublada nossa alvorada
E, acordaremos mais tarde ainda
Tenho certeza que acordaremos, apesar de, tarde
O Sol, entre nuvens não abrirá a passagem
As portas também não se abrirão



Tenho dúvidas... Abri-las-emos?
Do lado de dentro, há possibilidade de fortalecer o amor?
Amar, e amar em dois tempos?
Distintos... Amar como antes?
Como nunca antes?
Ou simplesmente amar...




*Conhece a lenda de Prometheu?

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