segunda-feira, agosto 01, 2011

A angústia do poeta


Estou sentindo a concepção...
O sêmen da música e o óvulo da filosofia
Gerados em meu ventre dia-a-dia
E, nada em você traz-me comoção


Nasce a tragédia, vem a música passo a passo
Resisto e não me desfaço, mas sei que
Nunca dei um passo que não me comprometesse
E, eu rio do Homem e de suas artes, poesias e templos


Em breve, parirei algo desconhecido
Desconhecido e enorme
Do tamanho de um mamute
Ironia, não há amor que em mim incute


Mesmo um entusiasmo passageiro
Ou uma profunda desilusão
Estou farto de existir e temo a morte
Num ambiente laico busco a compreensão, a boa sorte


E, antes que a tempestade domine o crepúsculo do mediterrâneo
Avistarei Chipre e resistirei ao meu maior naufrágio
O porto de Larnaca trar-me-á de volta à luz


Mas lá nunca me tornarei um verdadeiro poeta
Volto à Paris para encontrar o meu eterno amor
Que se foi quando a Tifo lhe beijou.




*A Paul Verlaine 
(1844-1896).

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