quinta-feira, julho 09, 2009

Não há mais inquisição



A busca do prazer
Sem censura,
Loucuras
Ápice da procura
Não se conter...
Provocação!
Rompa os limites
Pelo buraco da fechadura
Vejo o mundo, doçura
"A vida como ela é"
Só assim a encontro
Espiando pelas frestas
Cheiro de café...
Fumaça do cigarro
"Complexo de vira-lata"
Assumo, por contrafé
Desde menino
Sou um anjo pornográfico,
"Anjo Negro", "Dorotéia", "Meu destino é pecar",
São alguns filhos meus, basta olhar.
Tenho fascínio em narrar pelas mãos
"Perdoa-me por me traíres"
Sei que gostas de apanhar,
Mas não lhe bato,
Caio de joelhos ao chão e constato
Também tenho Coluna
Nela, assino todo dia, de fato
E o teatro?
Ah! o teatro, testifico
São 17, no final mistifico
Psicológicas, míticas, tragédias cariocas
Criar uma peça, escrever, narrar,
E, no cair da madrugada
Me envolver em suas coxas
Para nunca mais parar.
Sei que és bonita
Bonita e ordinária
"Vestida de noiva"
"Senhora dos afogados"
Pela nudez,
Seremos castigados
Todavia, caiamos juntos em tentação...
É século XX, não há mais inquisição!



*Dedicado a Nelson Rodrigues
(23/08/1912 - 21/12/1980), o anjo pornográfico.

Um comentário: