quarta-feira, fevereiro 10, 2010

As vésperas do matrimônio








Os convites já estavam na gráfica
E você, enfática e sarcástica
Trouxe-me a notícia trágica

Sorria, envolta em ironia
No cume da autoconfiança
Disse-me ereta: Adeus, acabou!

E, lançando-me sortes, suspirou
A impressão que tive
Não distribui aos convidados

Ficou marcada, como digitais
Nas faces marginais dos dados
Os dias que antecederam ao matrimônio
Calando-me, sobre os ísquios, resignei

Sempre lhe fui poltrão fiel
Mitigava os resquícios da dúvida cruel
Hoje seria o dia, lamento
Ápice da união, o grande momento
A mais nobre e doce expectativa
Transformada no meu maior tormento.



*Baseado em: O cheiro do Ralo, 
romance de Lourenço Mutarelli.

2 comentários:

  1. Depois volto pra ler as outras postagens, mas parei pra comentar essa, porque sinceramente o poema chamou bastante minha atenção, muito bonito e bem feito. É seu? Parabéns pelo espaço!

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  2. Bah, que coincidência os convites do meu casamento seriam iguaizinhos a esse da imagem =) rs.

    Também volto depois para ler outras postagens, este poema também chamou bastante minha atenção. Muito lindo!

    Adorei o blog, estas de parabéns!

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