sábado, maio 07, 2011

Um momento fascinante

A chamamos no estúdio e...
Ela veio, atravessando a Abbey Road.
Faça um improviso, eu disse- lhe antipático.
Como?
Indagou-me esfregando as mãos frias.
Pense no horror, na tristeza, na morte ou coisa parecida!

No fundo, no fundo, sabíamos o que era necessário.
Ela... Ela nem tanto.
Improvise Clare Torry, improvise!
Assuma esse microfone e cante.
Seja espontânea, faça tudo bem rápido!
Se levante e comece, vá adiante...

Após a sessão, ela veio...
Aproximou-se cabisbaixa, e nos dirigiu a palavra:
Sinto muito, me desculpe!
Foi tudo o que conseguiu nos dizer.
Antes, tudo foi maravilhoso e brilhante.
Estávamos diante de uma diva e sua voz inebriante.




*A Clare Torry, backing vocal na canção: 
“The great gig in the Sky”, do álbum 
The Dark Side of the Moon (1973), do Pink Floyd.

Um comentário:

  1. Dark Side é daqueles álbuns que ficam no inconsciente coletivo.Discutir a originalidade da obra é cair na mesmice,mas aqui tu aborda algo que passa a muitos desapercebido.Para construir uma obra destas não são só os músicos e seu talento,é preciso coesão e com certeza a moça aí deve ter contribuido com eficiência.Bela abordagem.Abrç!

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