sexta-feira, abril 30, 2010

No dia de minha execução





Venham, venham todos, aproximem-se
Estou de partida e me sinto pronto
Purifiquei-me de todo mal que há nesse mundo
E, percebi melhor o céu e o que ele significa
A respiração ofegante e o vento intenso deixam-me um pouco tonto


Acabei de esvaziar-me de toda e qualquer esperança
De mamãe, vêm-me a saudade e algumas lembranças
Já no fim da vida, arranjara um noivo que a visitava pela janela
Há tempos não pensava nela, nem...
... Naquele asilo em que vidas se apagavam como velas


Com reverência, percebi a indiferença dos espectadores
Muitas caras e feições; são hipócritas e agem como atores
Se parecem demais comigo e sinto-me menos só nesse holocausto
Eu estou exausto, enquanto eles aguardam serenos pela execução
E, então, para a consumação do ato ser plena e convincente
Verdadeiramente, quero que venham muitos gritos de ódio da multidão aqui presente.




*Baseado em: “O Estrangeiro”, 
de Albert Camus
(07/11/1913 - 04/01/1960).

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