sábado, julho 24, 2010

O lunático sob o eclipse



Você trancou a porta
E estamos do lado de fora
No lado escuro da rua
Acumulando jornais na entrada
E todos os dias o entregador traz mais
Mais e mais jornais; ele vem dobrando a esquina


Há alguém passando pelas minhas retinas
Parece o mesmo da foto da página policial
Ouvimos o trovão e o vento sopra...
... Úmido em nossa direção
Pela janela vejo o lunático mostrado na TV
E, já não penso em mais nada, nem em mim, nem em você


Tudo o que tocamos e vemos
Tudo o que provamos e sentimos
Amamos e odiamos tudo o que nos trouxe a desconfiança
Emprestamos, compramos, damos e retomamos
Em verdade era só uma tentativa de negociar a herança
Na lembrança, tudo o que vimos passou tão rápido


Só o lunático ainda passeia tranquilamente no gramado que aparei
E, nada mais é como antes na rua em que crescemos
Já não me importo com a perda, todos nós iremos embora
Agora, não tenho mais tolerância
Para tocar, sentir e provar, ver, interagir, amar e odiar
E o pequeno Sol alinha-se trazendo-nos um novo eclipse lunar.








*Dedicado a: 
“The Dark Side of the Moon” (1973), 
a obra prima do Pink Floyd.

2 comentários:

  1. Bela poesia, mexe bastante com os sentidos e com o nosso próprio eu, uma mistura de sensações e sentimentos, aquilo que melhor define a nossa natureza, parabéns pelo texto!

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  2. Isaac Newton nem desconfia que sua descoberta na física criou uma obra prima na musica

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