terça-feira, novembro 02, 2010

O marinheiro no caixão



“Tão verdadeiro e sem sentido nenhum.”
(Fernando Pessoa)




É tarde demais para cantar reminiscências e contemplar os sonhos
Resta-me debruçar sobre a vida morta que trago comigo
Ah, pobre de mim que fui tão feliz outrora...
... Agora, vago nas sombras a embevecer ausências




Enquanto o horizonte se faz negro
A vida me espreita e já não sei em que pensar
Devo aquietar minhas ansiedades que já não são tão verdadeiras?
Daí, percebo uma réstia que se move insistindo em brilhar minhas mãos




O saber é demasiado impreciso para quem o esqueceu
No tempo que aqui fiquei a narrar-lhe meu sonho
A madrugada ganhou cor e se empalideceu
Mas o dia nunca raia para quem contempla o absurdo das horas




Que me importa o dia?






*a Fernando Pessoa 
(13/06/1888 - 30/11/1935).

Um comentário:

  1. Muito bom mesmo,Lou.Algumas poesias que encontro contigo remetem a um de meus poetas preferidos de todos os tempos, Gregório de Matos, o Boca do Inferno.Volto logo e deixo uma das pérolas do cara.

    "Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa: Com sua língua ao nobre o vil decepa: O Velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa: Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por Tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa: Mais isento se mostra, o que mais chupa. Para a tropa do trapo vazio a tripa, E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa."

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