terça-feira, novembro 09, 2010

Reduzir ao silêncio


"Quando não há riscos na luta,
                                                               Não há glória no triunfo"
                                                       (Pierre Corneille: El Cid, 1637)
  




Perdi-te atrás da máscara
A amnésia me ajudou a te esquecer
Apesar de continuar sendo quem tu és
No crepúsculo vespertino lembro-me do teu cantar fenecer


Jamais matarei a melhor amiga de minh’ alma
Mesmo que meu destino se torne imensamente funâmbulo
O temor e seu canto burlesco, desafinado
Só ele, é capaz de me elevar, só ele


Descubro o significado e perco a descoberta
Logo em seguida por todos os dias
Também esqueço as batalhas, as derrotas
E os triunfos e salvas eu esqueço


Quando o espetáculo termina, estarrecido
Encerram-se o fascínio e as maravilhas pirotécnicas
E pelas regras do nosso jogo desconhecido
Fui eliminado por quem me havia recebido


Desde então, adentro-me ao profundo “Eu”
E percebo, na presença do silêncio, fui concebido
Já não há suavidade, a onicofagia me acometeu


No inconstante mundo rumoroso
Minhas unhas estão curtas e sujas
Como as de Prometheu.

Um comentário:

  1. Descubro o significado e perco a descoberta.

    Fazemos isso sempre, não ?

    Belo poema. Gostei muito.

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