"Quando não há riscos na luta,
Não há glória no triunfo"
(Pierre Corneille: El Cid, 1637)
Perdi-te atrás da máscara
A amnésia me ajudou a te esquecer
Apesar de continuar sendo quem tu és
No crepúsculo vespertino lembro-me do teu cantar fenecer
Jamais matarei a melhor amiga de minh’ alma
Mesmo que meu destino se torne imensamente funâmbulo
O temor e seu canto burlesco, desafinado
Só ele, é capaz de me elevar, só ele
Descubro o significado e perco a descoberta
Logo em seguida por todos os dias
Também esqueço as batalhas, as derrotas
E os triunfos e salvas eu esqueço
Quando o espetáculo termina, estarrecido
Encerram-se o fascínio e as maravilhas pirotécnicas
E pelas regras do nosso jogo desconhecido
Fui eliminado por quem me havia recebido
Desde então, adentro-me ao profundo “Eu”
E percebo, na presença do silêncio, fui concebido
Já não há suavidade, a onicofagia me acometeu
No inconstante mundo rumoroso
Minhas unhas estão curtas e sujas
Como as de Prometheu.
Descubro o significado e perco a descoberta.
ResponderExcluirFazemos isso sempre, não ?
Belo poema. Gostei muito.