sexta-feira, agosto 07, 2009

Case comigo, Núbia Poison!






Do globo da morte
A contemplo
Ela vai à faculdade
Gosta de flores
Ora no templo

Ouve músicas,
Ama “The Cramps”
Enquanto os palhaços
Jogam cartas
O trailer treme, antes

Quando bato
Surge a fera
Me ataca!
Vejo o mal, mutação
Bala de prata?

És meu patrão!
"Apenas solitário"
Um palhaço me relata
Consternação
Núbia, em meio à narcisos

São suas preferidas
Pelo olho de vidro
Morrerias do coração
Mrs. Faith tinha-me mostrado

Nesse ínterim, absorto em meu acordeão
E, pelo esforço, a resposta
Veio a constatação
Nunca me casarei com você
As alianças...
... Devolvo-lhe, pois não

Doze doses tive que tomar
Para bonita
Poder lhe achar
Admita
Esse excesso de vermute
Foi fatal, falta-me saúde

Mas hoje, depois de ontem
Tenho muita sede
Não consigo contar direito
Minhas histórias
Saio pela tangente,
Esqueço as glórias


A convocação chegou
Foram dois anos de disciplina
Longe dela, me esfacelei
Ao Haiti eu fui, oh minha menina
Tornei-me pára-quedista
Saltar do firmamento virou rotina


Naquela tarde
Peguei três trens para provar-te
Trouxe-lhe a notícia
Escrevi teu nome no céu
Seu nome é Núbia Poison
Te levo ao altar, abro teu véu


Fui criado num pequeno lago
E agora, estamos no oceano
Poseidon, deus dos mares
Me afoga e não percebo
Eu tenho um só plano
Preciso de emprego


Trabalho de graça,
Pode acreditar
Todo mês, fim do ciclo
Te sussurro um detalhe
É minha proposta, suplico
E sobre ela justifico


Sou domador, homem bala
Limpo a ala dos elefantes
Mas, no encontro, sou galante
Lançador de facas,
Preciso
Levo flores, seus narcisos


Aí, não sei como
O tempo acelera e pára
Tudo se dispersa
Comunico aos amigos
Não há inércia
Minha vontade, obsessão

Qual é seu problema, garoto?
Me fazem a indagação
E assim,
A contar recomecei
Acabei de conhecer
A mulher com quem me casarei


Não faço idéia de quem tu és?
Sou um contador de histórias
Mentiras?
Romances?
Contos?
Devo acreditar em seus encantos?


Também sou músico
Faço canções e as canto
O artista é surreal
Não possui matéria
Só sedução
Você é a única que não compreende meu coração


Por ti, pelas suas negações
Sou um retrato mal acabado
De mim mesmo
De quem é o problema?
Barco à deriva, abalado
Vou a esmo, grand’ ilema


Limparei tua piscina
Veja e constate
Arrumarei teu jardim
Nada é invenção
Serás minha mulher
Quero-te agora, confirme a ação!


Qual o problema dos icebergs?
Os noventa por cento abaixo?
Ou os dez por cento acima?
Una-se a mim, já!
Montemos uma banda
A vida nos ensinará


Dos acordes necessários
Fiz uma canção de saudade
Som de reencontro...
De minha guerra
Para a cidade
É breve, mas com intensidade:

“Em meio aos lençóis
Eu voltei
Estendidos no varal
Lhe beijei”


Quer me mostrar
Que livros está lendo?
Há uma segunda vida?
Uma personagem, outra família?
Um filho bastardo
Fora do casamento?


Indago, interrogo
Lamento
Passava muito tempo
Fora de casa
Mesmo assim, prefiro acreditar
Em você, e não em mim


Não é verdade!
Qual a autenticidade?
Os carros do comercial, calamidade?
Moscas presas no pára-brisas?
As siamesas asiáticas?
Geram desconfiança...

Exotismo que altera minha esperança
Meu Deus, como fui criança
Abelhas na colméia
Voam e deslizam
Apague a luz
Sairemos vencedores
Vamos pelo amor
Que conduz as nossas dores.





*Homenagem a Núbia Poison, roadie, backing vocal e fã dos Retinas Queimadas
*Texto adaptado ao filme: "Big Fish" (2004), direção: Tim Burton.

2 comentários:

  1. É engraçado como após ler todo um poema e deizar absorver seu significado por um todo, sigo me apegando a jogos de palavras, ou caprichos. Adorei o "Doze doses..." é muito poético. Acho que Núbia Poison vale a homenagem.

    Abraço!

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  2. Núbia... Núbia, Núbia... onde estás?

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