sábado, junho 26, 2010

O batismo do bastardo



Sei muito bem que hoje não é domingo
Mas, os sinos badalam e não há comércio
O Castelo do Barão está em festa
Os cálices estão transbordando de finos vinhos
Dançarinos e convidados aplaudem
O banquete preparado para o mendigo


Dancem, dancem e comam
Brindem, brindem ao Barão!
É a festa de seu casamento
Roam os ossos enquanto os noivos se retiram
Boa noite cavalheiros, boa noite moribundo!
Boa noite Barão, boa noite Baronesa!


...


A esposa do Barão foi enterrada, morreu de enorme tristeza
E, ninguém se lembra daquele mendigo imundo
Estamos apodrecendo na masmorra
Mesmo assim, sei mais sobre o mundo do que você imagina
Todos os dias, a filha do carcereiro vem me saciar
Saciar a fome, a curiosidade e da sede me livrar


Nessas paredes há páginas de antigos livros
Nelas, estudo os astros e a geografia me desafia
Abdiquei-me de toda e qualquer superstição
Mas, há uma lenda que deve ser respeitada
Não se deve conceber um filho indesejado
Nem em abril, muito menos em março para que não nasça em vinte e cinco do último mês


Talvez, os céus não permitirão esse pecado, talvez...
... Ouça-me desta vez, há um legado:
Um lobo uiva e a criança nasce!
Carregando consigo a “maldição da lua” nasceu pleno, bem me lembro
Em dezembro, o sol se pôs antes da hora e veio a tempestade de raios, iluminando a aldeia
Na hora do batismo do bastardo, em minha casa, iniciávamos a nossa ceia.








*Baseado em: 
The Curse of the Werewolf”. 
Direção: Terence Fisher (1961).

2 comentários:

  1. The curse of werewolf?Acho que era da Hammer...

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  2. Mas Lou James... e se a lua deixasse de existir e não ouvesse mais selvas sombrias do inverno lacinante?

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