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terça-feira, agosto 20, 2013

Hotel Mário Quintana


     “A todos vocês, que eu amei e que eu amo
                                         Ícones guardados num coração-caverna
                            Como quem num banquete ergue a taça e celebra
                                       Repleto de versos, levanto o meu crânio.”
                                                                   (Vladimir Maiakovski)



No Hotel Mário Quintana
As noites são silenciosas e leves
As madrugadas, negras e frescas
Antemanhã, visita dos passarinhos nas janelas


Não importa a geléia de amora 
Nem a torrada no café matinal
Deixei de beber leite ainda jovem
E nunca gostei de cereal


Deixem-me em paz!
Não preciso de serviço de quarto
Deixem tudo onde está, só assim é que me acho


Diacho! Já lhes falei sobre o tamanho do quarto¹...
... Pode ser minúsculo, só preciso de uma escrivaninha!
Eu caibo dentro de mim mesmo² e saio cedo, só volto à tardinha.



               *¹.².Diálogo entre Mário Quintana e Paulo Roberto Falcão.
                                      *Homenagem ao poeta morador de hotéis.

sábado, fevereiro 04, 2012

Assim falava o caçador


A todo momento só pensei nas gerações que virão...
... Depois
E, a língua não é um corpo morto
A profanação do corpo da língua e sua desfiguração...


... Não pode ser vista como um atentado à vida
Nem a cultura social abomina as gírias nessas plagas
Será que estou apto a combater toda e qualquer forma de barbárie cultural?
Homem especialista, abandonado pelas ninfas na floresta do saber?


Diante da árvore da vida, optei pelo fruto da árvore do conhecimento
Elas são distintas e continuam em minha frente
Volto, então, para mim mesmo
E o que vejo?


... Byron, Nietzsche e Brecht
Ainda tenho sede, devo alimentar a essência, como...
Alguém que tenha pensado e criado no mesmo idioma que o meu
Em minha cabeça ressoa:


Onde estarão agora...
Drummond, Quintana, Pessoa?
Devo agir, preciso viver e respirar o novo século
Navegar e buscar as pegadas que me levarão à presa!


E, de tanto estudar, compreendi que as pegadas que segui
Eram dele, o filósofo máximo, eram de Nietzsche
O prazo se extinguiu diante dos meus olhos
Vem o tempo e seus ponteiros e calendários
Rumarei ainda hoje para bibliotecas desconhecidas
Partindo sem dizer adeus aos ordinários.

 
 
*Homenagem aos mestres que me ensinaram a ler e escrever.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Missiva de uma separação angustiante



...05 de janeiro de 2001





Olá, estimado amigo S.O.
Espero que, na busca incessante, tenha encontrado o equilíbrio cósmico que tanto almejas.
Em relação à sua missiva, não entendi quando afirmas:
"...Não deixe rancores tolos corroerem nossa amizade!"


O que significa isso?
Quais rancores tem a capacidade de deteriorar nossa amizade, estima e consideração recíproca?
Será que algum sentimento escapaste de minha gaiola e voaste até ti?
Não creio, ela está trancafiada com a senha da benevolência, da maturidade e da compreensão.
Nunca vou lhe pedir mais do possa ser capaz, isso eu tenho a certeza, pois essa afirmação vale para todos que me circundam.
Tu és amigo de grande valia, pessoa de apreço, conivências e convivências plenas.
Somos padrinhos mútuos das uniões nas quais nos propusemos a viver.
E isso para mim tem grande significado e importância.


Naquelas tardes, o que me afligia era familiar, já que nossa banda, os Retinas Queimadas, hoje se transformara em minha única família.
Era a questão do C.J., nosso brother e comparsa de todas ocasiões, na iminência da solidão, do abandono iminente.
O sal da separação a arder em seus lábios.
A dúvida da incerteza a corroer suas entranhas.
Aquela ausência incômoda da pessoa que incomodava, mas convivia; existia, fazia acontecer e às vezes não acontecia: a esposa companheira em seus últimos dias sob o mesmo teto.
A amada que recebia o sêmen do seu homem há tempos, hoje se perde no horizonte da incerteza no tempo futuro.
O que acontecerá a ambos?
Não sabemos, por enquanto...


Naqueles dias de bebedeira, boa conversa e rock ‘n roll intenso o que me afligia eram essas questões.
Sinto-me na necessidade compulsória de ajudar, formar uma opinião, traçar um norte, planejar as ações, tudo o que possa interferir diretamente na boa solução do impasse.
Será que estou correto?
Ou devo-me calar e furtar-lhe a ajuda amiga?
Você participou, vivenciou e presenciou todo o tema que narro e, de certa forma, opinou enfaticamente na tentativa de reconciliação e mudanças de paradigmas, assim como eu.
Mas não sabemos se isso realmente acontecerá.
Creio ser certa essa separação.


Será que temos a capacidade de mudar ou manter os rumos das vidas das pessoas que amamos e sentimo-nos no direito pleno de cuidar delas, de seus destinos.
Dar-lhes "conforto fraterno" no longo inverno da solidão?
Sei que tudo se regulará com a inexorabilidade do tempo.
Tempo presente.


Ou será que Mario Quintana tinha razão:


“É sem razão, e é sem merecimento,
Que a gente a sorte maldiz:
Quanto a mim, sempre odiei o sofrimento,
Mas nunca soube ser feliz”


Quero acreditar que sairá vencedor.
Nas intempéries surpreendentes dos mares, surgem os verdadeiros capitães.
Uma crise serve para separar imaturos aventureiros dos adultos com capacidade suficiente para discernir sob pressão.
Discernir e concluir, bem ou mal, bom ou ruim, é a vida dele que toma rumos diferentes a partir da decisão tomada.
E, numa fagulha de júbilo, se regozijar plenamente?


Sei que há muitas fãs e tietes, temos belas roadies ao nosso redor.
E elas, por sorte, tentarão preencher-lhe essa lacuna.
C.J. é sábio, apenas observaremos...
Creio ser o melhor a fazer agora.
Aposto que, enquanto todos calculam, ele obterá o resultado depois.
Que o tempo nos mostre então, qual o próximo capítulo das nossas vidas virtuais.


Abç.
Os dias são duros e amanhã temos ensaio.



“...Muito bem disse Cândido, mas é preciso continuar cultivando o nosso jardim”.
(Cândido ou 'O Otimismo': Voltaire).







L.J.Jr

quarta-feira, julho 01, 2009

Pêlos, melhor tê-los



Te quero vasta ao redor...
Nas tuas coxas percorrê-los.
Muitos pêlos.
Melhor tê-los.
Teu suor...
Treme!
Pela fresta esconder-me.
Guarde-me... Dentro.
Entro... Lento.
Fico atento!
Riso, dentes, potência.
De repente...
Transcendência!
Óh! minha pequena Grettha!
Vaidade erógena.
Vaidosa.
... osa.
... os.
... s.



A MaRiO QUintANa.
(1906 - 1994).

quinta-feira, junho 04, 2009

Mosca na boca - Retinas Queimadas







Venha baby
Corte meu bolo
Com a sua faca
Sempre é melhor chorar na rua
Do que no desabrigo do lar
Oh, coitada, era uma madame
Renome
Ah, seu anel me fez pensar...
O dinheiro me traz sobrenome, venturas, fama
E com você quero vivê-las sem drama

Chame o moribundo
É meu aniversário, envelheço
Bem se vê
Entristeço
Não somos desse mundo
Por causa de você
Querida
Quantas safadezas
Deixei de fazer
Diante da mesa
Uma mosca rodeia
Rodeia e pousa...
Pousa em sua boca.


Venha baby
Corte meu bolo
Com a sua faca...
Com a mosca na boca
O que você diz nunca faz sentido
Que importa?
Quando o telefone toca
A ameaça vem do outro lado
Sem face, sem dó, instigado
Fuja, não há chance!
Enfrentá-lo não está ao alcance
Alcance do perdão
Não olhe para trás, oração...
Estenda as mãos e se entregue
Estava traçado, jaz então
A terra nunca será leve
Experiência fatal
Muito em breve, não sabia
Encontrar-se-ia com o sobrenatural.



*Baseado em:
"Let Me Put My Love into You", AC/DC (1980).
*Baseado no livro de contos: "O Espelho Mágico" de Mário Quintana e no filme "Black Sabbath" (1963), com Boris Karloff e Michèle Mercier.
Direção: Mario Bava.

Assista no Youtube: 
Retinas Queimadas - Mosca na boca