sexta-feira, maio 21, 2010

Vou para a Terra de Van Diemen




Abrace-me, estamos perto do cais
Um longo abraço de despedida nessas ruas escuras
Efemeramente infinito e tão intenso
Como a brasa que dissipa o incenso


Momentaneamente me concentro
Na picada da agulha gasta
Faz-me soletrar: G-L-O-R-I-A
Num ritual que perfura-me a carapaça


Quando a maré subir e a febre baixar
Irei embora, e o templo visitarei
Lá precisam-se de muitas mãos para a reconstrução
Para a Terra de Van Diemen, rumarei


Aqui, todos os dias, comprimidos amargos, eu engulo
Acertei as contas com o Senhorio
Deixe-me ir, encontrar o que procuro
Abandonei o peso da pistola e sinto-me seguro


Você acompanhou todos os meus estágios
Conheceu-me muito jovem
Era astuto, aspirante, sonhador e metido em confusões
Sabes o que lhe digo, pois reconhece todas as minhas hesitações


Os que vieram de lá, disseram-me que há oportunidades
Há lucro, há amor e não se vê indiferença nem vaidade
Face a face com a justiça, encontrar-me-ei
E com a ajuda do magistrado, da dor, libertar-me-ei


Não titubearei, ouça, portanto meu desejo:
Antes da partida, abrace-me
Até essa hora acabar e com seu toque me elevar
E, nas terras altas de Van Diemen meu veredicto encontrar.


*Baseado na canção: 
Van Diemen’s Land do U2 
(Rattle and Hum, 1988).

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