segunda-feira, março 15, 2010

Contentamento




Ao acordar, na cabeceira, o encontro
Com o velho novo livro ainda aberto
Marcando o caminho percorrido
Desde a noite anterior dormindo comigo


Abro a janela, o sol penetra em meu olhar
Traz-me o entusiasmo juvenil que preciso e peço
Dos sonhos e do pijama me despeço
Moroso, desço ao terraço


Lá embaixo, o jornal e o cachorro em seu laço
E, com ele atinjo a verdade que o jornal me faz esquecer
Vou ao banho me aquecer e escolho uma canção a dedo
Percebo um conforto pago, é a sensação da água morna irrompendo meus medos


Enfim, calço os sapatos e vou ao trabalho...
Lecionar, viajar, fazer amigos e cantar, o que se há de fazer?
Escrever, plantar, publicar e colher provisões
Diletante, dedico-me ao magistério das reflexões, das esperanças
E, aos idealistas e sonhadores famintos
Transmitir o saber, temperanças e emoções que só eu sinto.




*Baseado em: “Prazeres” 
de Bertold Brecht
(1898 - 1956).

Um comentário:

  1. Verdade meu amigo...o Senador Buarque, por mim e por muitos, é considerado um grande ativista no mundo da educação...no meu texto de hoje, cito a atuação que ele teve na legalização da profissão de historiador... que para mim é fundamental...

    Você escreve muito bem...cronista e poeta de peso...

    Agradeço por seu depoimento meu amigo e continue sempre conosco...

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