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domingo, junho 20, 2010

Afirmações do Dr. Frankenstein









Cavalheiros, ouçam-me com atenção
Explicar-lhes-ei tudo, passo a passo
Em anos de pesquisa, observei
Que a alma não abandona o corpo
Tão rapidamente
Do instante em que morremos
Até sua partida definitiva
Têm-se alguns preciosos minutos



Como tem coragem de afirmar-nos isso, Dr. Frankenstein?
Estamos perdendo nosso tempo!
Isso... Isso é um insulto!



Senhores permitam-me...
Se ficarem e assistirem
Atestarão a veracidade de minha tese
No instante da morte física
Capturo a alma, essa é a chave
Ter a alma rapidamente em minhas mãos
Para num corpo reconstituído, instalá-la então
E lhes afirmo:
Não se trata de suposição
É fato e Fritz confirma-lhes meu experimento!



O senhor então crê que dominou a morte?
Exatamente!
E estou plenamente consciente



Quando se morre, sucumbe-se apenas a matéria orgânica
Não a alma; físico e espírito se separam
Resta somente um corpo deteriorado, extinto e violado
Mas, conservando-se a alma
Que se irrompe lentamente ao outro lado
Pode-se transferi-la a um corpo reparado
E, num sopro elétrico, dar-lhe vida, ressucitá-lo
Demonstrarei a todos que venci a morte e posso manipulá-la



Basta, doutor!
Não é porque sua suposição é verdadeira
Que devemos acatá-la, aceitá-la, dar-lhe apreço
Que Deus lhe valha!
Manipular a vida tem seu preço!



*Baseado em: Frankenstein (1831), 
romance de Mary Shelley.

*Homenagem a Colin Clive: 
(20/01/1900 - 25/06/1937). 
Ator Francês que interpretou o Dr. Frankenstein no filme de 1931 do diretor James Whale.

sábado, junho 06, 2009

Indagações de Lou James, o Moderno Prometheu



Acaso, óh criador,

Lhe pedi que do barro me moldasse homem?
Pedi para que me erguesse das trevas?
(Willian Golding)


O que sou, agora que me fizeste?
Qual o ânimo que sentes em transformar matéria em vida?
Lembra-te quando esquartejavas o animal vivo?
Para resgatar-lhe o sopro de vida que perdias?

Hoje sou mais que homem!
Sou rijo como a rocha, sólido como o minério.
Uma substância consistente molda meu coração...
E não é a mesma substância fria das geleiras do Norte.

A sombra sempre será negra?
E, na busca da incandescência, acenderei minha pira funerária em triunfo...
E exultarei a agonia das chamas que meu corpo produzirá.
E, finalmente, minhas cinzas serão varridas pelo vento em direção ao mar.

Adeus...
Ad calendas greccas.

*Baseado na obra: "Paraíso perdido, Ato X", 
de John Milton(09/12/1608 - 08/11/1674).

quinta-feira, junho 04, 2009

Indagações de Mary Shelley




Devo procurar a felicidade na tranquilidade ou no caos?
Devo evitar a ambição ou deseja-la?
Devo ser indiferente às coisas do mundo?


Eu tive minhas esperanças destruídas, mas posso ser, um dia, bem sucedida?
Não há como furtar-me, senão entornar até a última gota do cálice da amargura.
Mas, pensando bem, e analisando as conjecturas:
Não há demônio.


Há uma sensação de segurança, uma inefável impressão de que se estabelece uma trégua entre a hora presente e o futuro inexorável.
Isso me impele ao mar do esquecimento, sobre ondas que deixei pairar meu pobre espírito.



Indagações que afetam meu metabolismo.
Respostas que perturbam minha resignação.


Mary Shelley, escritora. 
(30/08/1797 — 01/02/1851).

quarta-feira, junho 03, 2009

Quase erro (ode a Mary Shelley) - Retinas Queimadas





Aquela menina nasceu
Filha de Golding se concebeu
Sua mãe do parto floresceu
E com Shelley se irrompeu.


O pai, resignado foi-se então
O padrasto o sobrenome deu-a senão
Sua mãe a iniciou na escrita
E na juventude se fez mulher aflita.


No castelo de Byron as férias passou
E, num lampejo a estória criou
Um terror fantástico
Que pelo mundo se consumou.


A obra, ao pai dedicou
Mas o sobrenome do padrasto herdou
Escrevia desde a infância, a ficção
Viveu no campo com forte obsessão.


Criar um conto, criar uma estória
Num quase erro, numa memória
Lembrou de fantasmas, lembrou do inicio
E na voraz escrita, uma obra no solstício.


A noite era sombria, lúgubre, mortal
Do sonho acordado, uma febre fatal
Desejou a criação feita com afeição
Que lhes tragam dor, dor e perdição.


O monstro sem nome
Herdou o seu do criador
Nesse quase erro
Todo mundo é entendedor.


Mary Shelley, saia do castelo
Mary Shelley, volte para casa
Nem Hamlet, nem Otelo
Fazem sombra à tuas asas.


O monstro sem nome
Herdou o seu do criador
Nesse quase erro
Todo mundo é entendedor.
Mary Shelley, saia do castelo
Mary Shelley, volte para casa
Nem Hamlet, nem Otelo
Fazem sombra à tuas asas.

"Ela plantara as sementes que tinha nas mãos. Não outras, só essas" 
(Clarice Lispector)

*Homenagem a Mary Shelley, escritora do romance gótico 
"Frankenstein" (1831).

Acesse RETINAS QUEIMADAS em: Canal no Youtube

terça-feira, junho 02, 2009

Não nos separaremos mais (Os pessimistas)











A Babilônia ainda não era pó
E o velho mago conheceu sua outra imagem.
Era a face da dó vagando pelo Jardim Sagrado.


Sabia ele que seria o único homem que a contemplou, daquela forma.
E depois implorou, chorou, tragou a si mesmo e se questionou.
Existem dois mundos, o da vida e o da morte.


Um é o que você cruzou agora...
E o outro, velho?
Jaz sobre a Terra e não demora.


As sombras de todas as formas que pensam.
E vivem e respiram...
E caem, sussurraram em seu ouvido.


Nada mais existe entre nós!
Até que essa terra nos una.
E não nos separe mais.


As sombras de todas as formas que pensam.
E vivem.
E respiram e caem, fizeram-no crer no Uno.


Não nos separaremos mais.
Já que a terra úmida unirá nossos elementos.
Sendo "Um" somos todos.
E nada mais impedir-nos-á de deixá-la.


Baseado na obra:
"Prometheus Unbound Ato I"
(M. Shelley)