quarta-feira, junho 03, 2009

A dentista e o verme



A chuva batia na vidraça
E a jovem dentista sua jornada começava
Um verme pelo chão rastejava
Uma goteira pelo teto respingava

Um cliente no consultório adentrava...
Pele pálida, blusa molhada, boca reta arroxeada
Diante dos seus olhos, horror e repulsa, eram notórios!
Na insensatez permitia dentes pálidos, coberto pelo tártaro

Halitose, cáries, uma boca abandonada e a dentista...
Superava a timidez, administrava  a situação com engodo
Num instante, um sonho, um devaneio, uma ilusão
Imaginando que beijava aquela boca em podridão!

Abraçava-o, tocava os seus lábios com as mãos
Sentia êxtase, sentia nojo, não se aguentava, ardia em paixão!
Diante da ilusão cultivada... viu o verme...
Que se alinhava no jaleco estendido na bancada!

Um instante... Muita dor, viu gotas vermelhas escorrendo...
Acordou em sobressalto, tomada de terror!
Seu cliente observava sua ação como um mérito!
Como uma paisagem exterior, gotas de suor molhavam seu suéter.

Bater de dentes e tremor, a dentista, cambaleava pelo impacto
Caindo fez barulho, tornara-se ser inferior, acoado
Não aceitou o destino, questionou a profissão.
Abriu as portas e correu, a rua foi a solução!

O cliente a seguiu... A perseguiu e encontrou virando a esquina
Atrás de um carro e se virou para ela, nervos e músculos fizeram o trabalho
Pelas mãos do lacaio a pobre sucumbia naquela calçada fria
O verme de alma vazia rastejava sobre o jaleco que, no consultório, jazia
Enquanto as gotas que escorriam espalhavam o perdão de um crime a luz do dia!

Um comentário:

  1. Dentista... dentes!
    Inhac! Da-le Lou James e sua "pacata" representação da vida.

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